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Carros santificados
Bento 16 segue tradição e usa veículo da Mercedes-Benz; papas já tiveram Ford e British Leyland
Vincenzo Pinto - 22.abr.2007/France Presse
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Papamóvel levou Bento 16 ao 'encontro' das relíquias de santo Agostinho |
JOSÉ AUGUSTO AMORIM
EDITOR-ASSISTENTE DE VEÍCULOS
Há exatamente uma semana,
chegaram à Base Aérea de São
Paulo os veículos que vão
transportar o papa Bento 16 a
partir de quarta-feira. Guardados a sete chaves, um papamóvel será usado em São Paulo, e
outro, em Aparecida.
O atual papamóvel foi usado
pela primeira vez em junho de
2002, durante o Encontro
Mundial da Juventude em Toronto (Canadá). Ele é baseado
no Mercedes-Benz ML 430 -o
Classe M atual é diferente.
Pela primeira vez, o local iluminado para que o papa seja
visto não é quadrado. O rascunho inicial, baseado no modelo
anterior (um Classe G), previa
um cubo de "plástico avançado", e não vidro blindado, pois
era mais fácil removê-lo.
Quando a DaimlerChrysler
entregou o carro, contudo, trocou o plástico pelo vidro. Foi
criada uma superestrutura que
se estende além das portas
dianteiras, formando uma moldura para as largas janelas.
Como o G, o M foi pintado de
branco perolizado. O motor é o
mesmo que o Classe M oferecia: um 4.3 V8 (oito cilindros
em "V"), com 272 cv (cavalos).
Hoje, ele é 5.0 e gera 306 cv.
O primeiro carro
Antigamente, porém, eram
usadas carruagens para viagens, procissões e outras aparições públicas dos pontífices.
O automóvel foi criado em
1886, mas o primeiro carro no
Vaticano demorou a aparecer.
Por seis décadas, em protesto político, os pontífices
não saíram da Cidade do Vaticano, já
que não reconheciam Roma como capital italiana e a região
não era reconhecida como país.
Some-se à questão política o
fato de Pio 10 (1903-1914) e
Bento 15 (1914-1922) não se interessarem por automóveis.
Foi então que Pio 11 (1922-1939) aceitou que a Mercedes-Benz adaptasse um Nürburg
460. Com trono revestido de
seda e a pomba que representa
o Espírito Santo bordada no teto, foi entregue em 1930. Ele rodou 40 mil quilômetros.
A partir de então, a Mercedes
nunca mais saiu do Vaticano,
mas nem sempre ela viaja com
o papa. É até comum que fabricantes locais construam um
modelo para o pontífice.
A Ford adaptou um Lincoln
Continental para que Paulo 6º
(1963-1978) usasse em Nova
York em 1965. Com 6,1 m de
comprimento, a limusine preta
tinha um trono que podia subir
30 cm e luzes fluorescentes para iluminar o interior.
O Vaticano pediu algumas
modificações três anos depois e
o carro foi de navio para a Colômbia, onde ocorreu o 39º
Congresso Eucarístico.
A British Leyland montou
um papamóvel para João Paulo
2º viajar pela Escócia em 1982.
Com 24 toneladas e à prova de
bombas, rodou 18 mil quilômetros. Foi recentemente leiloado: esperava-se um lance máximo de 20 mil libras (R$ 85,4 mil
na cotação atual), mas chegou a
37 mil libras (R$ 158 mil).
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