São Paulo, domingo, 07 de janeiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Motorista irregular testa a sorte ao pegar a estrada

Em geral, condutor sabe que está errado, mas prefere arriscar e viajar

Thiago Bernardes/Folha Imagem
Fernando Garbelini retira o "insul-film' de seu Corsa para seguir viagem, mas afirma que voltará a ter película escura ao voltar

ROSANGELA DE MOURA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os motoristas sabem que estão errados, mas, empolgados com a viagem, arriscam-se nas estradas e acreditam na sorte para não serem parados pela polícia. A Folha acompanhou, no dia 30 de dezembro, uma blitz na rodovia Anchieta e constatou que excesso de passageiros, documento irregular, veículo rebaixado e com "insul-film" fora da especificação são irregularidades bem comuns.
Em todos os casos, os condutores sabiam que estavam irregulares, mas desconheciam a penalidade para as infrações.
Também é comum tentar convencer o policial a não emitir a multa. "Seu guarda, eu posso tentar levantar o carro porque a suspensão é ajustada por rosca", pediu o técnico em logística Glauber Cajé, 23.
A documentação de seu Volkswagen Gol foi apreendida porque ele não tinha ferramentas necessárias para levantar o veículo, que seguiu viagem rebaixado. A documentação só será devolvida quando ele fizer as alterações necessárias e vistoria para comprová-las.
O designer gráfico Carlos Trancho, 28, foi parado por excesso de pessoas dentro de seu Fiat Tempra. Eram seis pessoas, mas sua principal preocupação foi com a carteira de habilitação vencida. "Vai ser a segunda multa que recebo pelo mesmo motivo. Fui adiando, adiando e ainda não tive tempo de fazer o exame médico."
Trancho precisou sentar no banco do passageiro e deixar sua noiva, que é habilitada, conduzir o veículo até o litoral. Sua carteira de motorista foi retida pela autoridade de trânsito e será encaminhada para a Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito) de Franca (400 km ao norte de São Paulo), onde o delegado vai decidir se a habilitação será renovada.
O motorista José Antônio de Souza também foi parado por excesso de passageiros em seu Gol, mas o mais grave eram as três garrafas com gasolina debaixo do banco do condutor. "Entreguei o veículo com que trabalho à empresa e aproveitei a gasolina para o meu carro." Para seguir viagem, teve de colocar o combustível no tanque.
Quanto ao excesso de passageiros -sete, três crianças-, Souza disse que deu carona para duas sobrinhas que moram no litoral. Esse argumento não foi suficiente para provar sua inocência, e ele não se livrou da penalidade de R$ 212,82.

Escondidos
Outra ocorrência comum, segundo o tenente Alex Gal Paiva, é engates e bicicletas encobrindo a placa do veículo. Foi o que aconteceu com o comerciante José Santos Piñeiro, 37.
"Não reparei que a bicicleta tampava a placa." O tenente Paiva diz que essa é a principal desculpa, principalmente no caso de engate -instalado propositadamente para dificultar a leitura pelo radar. Como o suporte de Piñeiro é regulável, ele acondicionou a "magrela" corretamente e não foi multado.
O vendedor de carros Fernando Garbelini, 25, só conseguiu passar o Revéillon na praia depois que retirou o "insul-film" fora das especificações. "Sabia que isso poderia acontecer. Vou retirar, mas, quando retornar a São Paulo, vou colocá-lo novamente. Gosto do visual do carro com a película e me sinto mais seguro."
Segundo o tenente Paiva, assim que a fiscalização eletrônica -as placas dos veículos serão "lidas", e documentação irregular, detectada- entrar em vigor, algo previsto para 2007, a fiscalização estática passará a ser dinâmica, e mais infratores serão autuados.


Texto Anterior: Cartas
Próximo Texto: Infrações mais cometidas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.