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ESPECIAL MULHERES
Homem provoca duas vezes mais acidentes
Número de mulheres ao volante cresce 40% e bate 13 milhões, mas só 1 em cada 4 carros é conduzido por elas
FELIPE NÓBREGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Entre 2003 e 2009, o acréscimo no universo de mulheres
habilitadas foi de 40%, ante
27% no de homens, aponta relatório do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito).
Hoje, elas já são 13,2 milhões,
mas o sexo feminino está longe
de ser maioria ao volante. De
cada 4 carros em circulação
no país, calcula-se que apenas
1 seja conduzido por mulheres.
A favor delas, no entanto, está o baixo índice de envolvimento em acidente de trânsito
com vítima. Proporcionalmente, homens provocam duas vezes mais, segundo o Denatran.
"Isso mostra que elas são
mais atenciosas e precavidas
ao volante", conclui Jaime
Waisman, professor de engenharia de transportes da USP
(Universidade de São Paulo).
Não é à toa que o seguro de um
carro guiado por mulher custa
menos.
Para a especialista em psicologia do trânsito Maria Salete
Romero, o fator é cultural.
"Desde criança, meninos são
estimulados a brincar de corrida de carrinho e de super-heróis, enquanto meninas se divertem acarinhando e enfeitando bonecas", afirma.
Talvez isso justifique porque
homens têm maior dificuldade
de aceitar serem ultrapassados
ou porque mães condutoras
encaram o sinal amarelo como
um alerta para pisar no freio.
Perigo constante
Homens e mulheres diferem
até no tipo de infração que cometem com frequência. Levantamento do Detran-RJ (Departamento Estadual de Trânsito)
aponta que as mulheres recebem cerca de 55% das multas
por dirigir falando ao celular,
se considerada a proporção
entre os dois sexos nas ruas
e nas estradas fluminenses.
Já em relação ao excesso de
velocidade, elas respondem por
apenas um quinto das infrações
por transitar 50% acima do limite estipulado para a via.
Para o engenheiro José Antônio Oka, supervisor de segurança viária do Cesvi-Brasil
(Centro de Experimentação e
Segurança Viária), o hábito de
guiar mais rápido justifica o fato de os homens se envolverem
mais em acidentes com vítima.
"O problema de dirigir e falar
ao celular é tão grave quanto
guiar bêbado. Porém, com o
telefone na mão, a infratora,
sem a mesma capacidade de
concentração no trânsito, acaba reduzindo a velocidade, o
que diminui a chance de ferir
alguém em caso de batida."
Diferentemente do que ocorre nos EUA, o Brasil não possui
dados estatísticos abrangentes
sobre acidentes sem vítimas
-quando o prejuízo é apenas
material. "Por isso não dá para
afirmar que a mulher é melhor
motorista que o homem", pondera o engenheiro do Cesvi.
Não é o que acha o instrutor
de autoescola Jairo Antônio da
Luz. "Começa que, por conhecerem mais sobre carros, homens costumam menosprezar
as aulas e acabam aprendendo
menos. Isso reflete no futuro."
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