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Criteriosa, mulher conquista espaço na linha de montagem
Mas, apesar da comprovada eficiência, elas ainda ganham, em média, 27% menos que os homens, segundo a Confederação Nacional dos Metalúrgicos
Aline Yuri Mizusaki/Divulgação
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Priscila Hoffmann vistoria pintura do sedã City na linha de montagem da Honda, em Sumaré
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Priscila Hoffmann, 29, trabalha no setor que faz o acabamento da carroceria na fábrica
da Honda, em Sumaré (SP). Lá,
9% das trabalhadoras são mulheres. Ela recebe os
veículos que saem da pintura.
"Mais criteriosa, a mulher é
melhor para reparar imperfeições, como uma sujeira que
gruda na pintura durante a secagem", crê Hoffmann, que diz
que sempre gostou de carros.
A mesma paixão por automóveis levou Raquel dos Santos
Ferreira, 37, a trocar a área administrativa pelo chão de fábrica, onde faz a inspeção final.
"A mulher é mais detalhista e
observa coisas que os homens
deixam passar", compara.
O setor em que ela trabalha
testa todas as funcionalidades
do carro e atesta a qualidade do
produto. "Quando comecei, em
2003, éramos 5 mulheres no
setor de montagem de motores.
Hoje são mais de 20 por turno."
"Identificamos que muitas
mulheres têm desempenho até
superior ao dos homens, principalmente em áreas como
inspeção de qualidade e acabamento, porque são mais habilidosas e criteriosas", confirma
Carlos Eigi Miya Kuchi, diretor
de produção da Honda.
A maior presença feminina
ainda melhora o ambiente na
linha de montagem, de acordo
com Kuchi. "Na presença das
mulheres, os homens melhoram o tratamento e a linguagem, mesmo entre eles."
Levantamento feito pelo
Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) aponta
que a presença da mulher na indústria metalúrgica cresceu
96% nos últimos dez anos.
Trata-se de um aumento
bem acima da média geral: na
última década, o número de
mulheres no mercado de trabalho aumentou, em média, 30%.
Lado ruim
O lado ruim é que, apesar da
comprovada eficiência, as mulheres do setor ainda ganham,
em média, 27% menos que os
homens, que recebem mais
abonos no decorrer da carreira,
segundo a Confederação Nacional dos Metalúrgicos.
Por outro lado, o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística diz que, na média, as mulheres ganham salários 70%
menores que os dos homens.
(RICARDO RIBEIRO)
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