São Paulo, domingo, 07 de março de 2010

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Criteriosa, mulher conquista espaço na linha de montagem

Mas, apesar da comprovada eficiência, elas ainda ganham, em média, 27% menos que os homens, segundo a Confederação Nacional dos Metalúrgicos

Aline Yuri Mizusaki/Divulgação
Priscila Hoffmann vistoria pintura do sedã City na linha de montagem da Honda, em Sumaré

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Priscila Hoffmann, 29, trabalha no setor que faz o acabamento da carroceria na fábrica da Honda, em Sumaré (SP). Lá, 9% das trabalhadoras são mulheres. Ela recebe os veículos que saem da pintura.
"Mais criteriosa, a mulher é melhor para reparar imperfeições, como uma sujeira que gruda na pintura durante a secagem", crê Hoffmann, que diz que sempre gostou de carros.
A mesma paixão por automóveis levou Raquel dos Santos Ferreira, 37, a trocar a área administrativa pelo chão de fábrica, onde faz a inspeção final. "A mulher é mais detalhista e observa coisas que os homens deixam passar", compara.
O setor em que ela trabalha testa todas as funcionalidades do carro e atesta a qualidade do produto. "Quando comecei, em 2003, éramos 5 mulheres no setor de montagem de motores. Hoje são mais de 20 por turno."
"Identificamos que muitas mulheres têm desempenho até superior ao dos homens, principalmente em áreas como inspeção de qualidade e acabamento, porque são mais habilidosas e criteriosas", confirma Carlos Eigi Miya Kuchi, diretor de produção da Honda.
A maior presença feminina ainda melhora o ambiente na linha de montagem, de acordo com Kuchi. "Na presença das mulheres, os homens melhoram o tratamento e a linguagem, mesmo entre eles."
Levantamento feito pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) aponta que a presença da mulher na indústria metalúrgica cresceu 96% nos últimos dez anos.
Trata-se de um aumento bem acima da média geral: na última década, o número de mulheres no mercado de trabalho aumentou, em média, 30%.

Lado ruim
O lado ruim é que, apesar da comprovada eficiência, as mulheres do setor ainda ganham, em média, 27% menos que os homens, que recebem mais abonos no decorrer da carreira, segundo a Confederação Nacional dos Metalúrgicos.
Por outro lado, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística diz que, na média, as mulheres ganham salários 70% menores que os dos homens.
(RICARDO RIBEIRO)


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