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São Paulo, domingo, 07 de setembro de 2003

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CAPITÃES DA INDÚSTRIA

Diretor-superintendente da Fiat, Alberto Ghiglieno anuncia a chegada da Doblò Adventure e diz que planeja um monovolume

Fiat elimina o Brava, mas mantém o Mille

ARMANDO PEREIRA FILHO
ENVIADO ESPECIAL A BETIM (MG)

O Fiat Brava sai de linha neste mês, canibalizado por seu concorrente familiar, o Stilo. A revelação foi feita pelo diretor-superintendente da Fiat no Brasil e responsável pela Fiat Auto na América Latina, o engenheiro eletrônico italiano Alberto Ghiglieno.
Terceiro entrevistado da série de conversas com dirigentes das cinco principais montadoras instaladas no país, ele confirma o apreço da empresa italiana pelos seus produtos veteranos. Ghiglieno afirma que o Mille ainda será feito por "muitos anos".

Folha - Qual a importância do Brasil para a indústria?
Alberto Ghiglieno -
O Brasil representa 20% do negócio total da Fiat no mundo. É o país mais importante depois da Itália, cujo mercado representa 60% para a Fiat. É por isso que a empresa aposta muito no crescimento do país e nos permite fazer investimentos muito pesados. São R$ 3 bilhões em novos produtos e inovação tecnológica até 2005.

Folha - No ano passado, o sr. previu crescimento para a indústria em 2003, mas o setor vive uma de suas piores crises. O sr. errou ou o Brasil é imprevisível?
Ghiglieno -
Com certeza, eu errei na estimativa, mas felizmente não fui só eu. Então, provavelmente o Brasil é um pouco imprevisível também. Mas também a coisa mais importante neste país é a capacidade de reação. Você pode ter de um mês para o outro um crescimento de mercado inesperado.

Folha - Segundo pesquisas, o preço do Mille Fire duas portas subiu 3,76% entre julho e agosto, apesar da redução de três pontos percentuais no IPI. As montadoras estão descumprindo o acordo de repassar a redução para o consumidor?
Ghiglieno -
Nós podemos demonstrar que reduzimos nossos preços de tabela. Segundo, não podem ser comparadas coisas diferentes, como modelos de um ano e de outro. Há os concessionários, que não estão sob o controle da Fiat, e promoções localizadas em algumas áreas que não dá para controlar. Estou certo de que nós fizemos a nossa parte.

Folha - Quando sai a reestilização do Mille e quanto tempo de vida ele ainda tem?
Ghiglieno -
É o cliente que decide [por quanto tempo o Mille ainda será fabricado]. Nós colocamos todas as inovações tecnológicas que podíamos no carro: motor Fire, mudamos acabamento. E o Mille continua sendo o líder de preço baixo. Vamos continuar a produção dele por muitos anos. É o quarto modelo mais vendido do país. Temos muito tempo. É um mito. Nós gostamos de mitos.

Folha - E a reestilização? Vai ser neste ano ainda?
Ghiglieno -
Não, com certeza não. O prazo é imprevisível.

Folha - E quando vêm um monovolume e um utilitário esportivo?
Ghiglieno -
Um monovolume está nos nossos planos, mas não podemos revelar para quando.

Folha - E um utilitário esportivo?
Ghiglieno -
Não precisamos de um modelo nesse segmento. Agora [neste mês] vamos lançar o Doblò Adventure.

Folha - Mas ele não virá com tração 4x4. Terá depois?
Ghiglieno -
É, não virá agora. Temos um plano para depois.

Folha - Por que a Fiat mantém na linha carros veteranos, como acontece com Mille e Brava, e já foi também o caso do Tempra?
Ghiglieno -
É porque o cliente decide o que tem ou não tem sucesso. O Brava sai de produção neste mês. Ele tinha 7%, 8% de participação. Agora temos mais de 20% com o Stilo. No caso do Mille, não faz sentido tirar um carro que é o quarto mais vendido. Novidade é importante, mas o preço para acesso também é.

Folha - O que mais o incomoda no atendimento ao cliente da Fiat?
Ghiglieno -
O que incomoda mais o cliente é não ter um atendimento personalizado. Ele se acha sempre especial, e, para os nossos concessionários, clientes são clientes, não há clientes especiais.


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