São Paulo, domingo, 07 de novembro de 2010

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Aurora do salão

Musa da primeira feira de automóveis, em 1960, a atriz Aurora Duarte fala do romantismo das cantadas; hoje modelos reclamam da agressividade de visitantes que não querem ver só carros

Moacyr Lopes Junior/Folhapress
A atriz Aurora Duarte (à dir.) posa ao lado de Carolina Mineli, destaque do estande da Ferrari neste ano

FELIPE NÓBREGA
DE SÃO PAULO

Se existe algo que não mudou nestes 50 anos de Salão do Automóvel é a presença de mulheres ao lado dos veículos expostos.
Pode perguntar à "perua" Kombi, único modelo que esteve nas 26 edições da mostra. Ajudou a sepultar carros com "rabos de peixe" e agora recepciona os elétricos.
São eles, aliás, que encantam a atriz Aurora Duarte, 73, musa do primeiro salão, em 1960, no parque do Ibirapuera. "Lembro do entusiasmo do público na época. Muitos entravam num automóvel pela primeira vez ali", conta.
Eram apenas 11 modelos para o público ver, entre eles o Romi-Isetta, o primeiro nacional. Havia também shows de artistas do cinema. Aurora, por exemplo, atuava ao lado de um Ford "Bigode". Só não faltavam cantadas.
Com tanto romantismo, algumas poderiam fazer parte de canções de Altemar Dutra.
"As que mais ouvia eram do tipo "nunca vi uma rosa andando" e "és a nora que mamãe pediu a Deus'", diz.
Agora passeia pelo salão, no Anhembi, com uma grande bolsa. "Aqui está o roteiro do meu próximo filme e o segredo da minha beleza: meu estojo de maquiagem", gargalha a senhora, que diz ter sido amante de um ex-presidente na década de 60.
Ao lado, a modelo Carolina Mineli, 19, destaque do estande da Ferrari, reclama da vulgaridade das cantadas que recebe dos visitantes.

SEGURANÇA
"Só houve uma cantada criativa. Um rapaz, feinho, levantou um cartaz com a frase: "Você é um avião e está na feira errada". Amei, até porque homens bonitos não me atraem", conta Mineli.
Já a modelo Andreia Feldaus, 27, do estande da Fiat, diz que os homens hoje não querem saber dos carros, só das mulheres. "Eles [homens] querem tirar foto abraçando a gente. Se vier com mão-boba, revido e chamo logo o segurança."
Amor incondicional, porém, sente o aposentado Antônio Carlos, 74. Mas pelo salão. Ele conta que esteve em todas as edições desde 1960.
"A diferença é que, com tantas novidades [são 450 modelos de carros], preciso de quatro dias para conseguir ver tudo." Saudosista, Carlos diz que gostaria de voltar ao tempo das cantadas românticas. "As mulheres sempre atraem, mas hoje usam menos pano."


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