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Aurora do salão
Musa da primeira feira de automóveis, em 1960, a atriz Aurora Duarte fala do romantismo das cantadas; hoje modelos reclamam da agressividade de visitantes que não querem ver só carros
Moacyr Lopes Junior/Folhapress
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A atriz Aurora Duarte (à dir.) posa ao lado de Carolina Mineli, destaque do estande da Ferrari neste ano
FELIPE NÓBREGA
DE SÃO PAULO
Se existe algo que não
mudou nestes 50 anos de
Salão do Automóvel é a presença de mulheres ao lado
dos veículos expostos.
Pode perguntar à "perua"
Kombi, único modelo que esteve nas 26 edições da mostra. Ajudou a sepultar carros
com "rabos de peixe" e agora
recepciona os elétricos.
São eles, aliás, que encantam a atriz Aurora Duarte, 73,
musa do primeiro salão, em
1960, no parque do Ibirapuera. "Lembro do entusiasmo
do público na época. Muitos
entravam num automóvel
pela primeira vez ali", conta.
Eram apenas 11 modelos
para o público ver, entre eles
o Romi-Isetta, o primeiro nacional. Havia também shows
de artistas do cinema. Aurora, por exemplo, atuava ao
lado de um Ford "Bigode".
Só não faltavam cantadas.
Com tanto romantismo, algumas poderiam fazer parte
de canções de Altemar Dutra.
"As que mais ouvia eram
do tipo "nunca vi uma rosa
andando" e "és a nora que
mamãe pediu a Deus'", diz.
Agora passeia pelo salão,
no Anhembi, com uma grande bolsa. "Aqui está o roteiro
do meu próximo filme e o segredo da minha beleza: meu
estojo de maquiagem", gargalha a senhora, que diz ter
sido amante de um ex-presidente na década de 60.
Ao lado, a modelo Carolina Mineli, 19, destaque do estande da Ferrari, reclama da
vulgaridade das cantadas
que recebe dos visitantes.
SEGURANÇA
"Só houve uma cantada
criativa. Um rapaz, feinho,
levantou um cartaz com a
frase: "Você é um avião e está
na feira errada". Amei, até
porque homens bonitos não
me atraem", conta Mineli.
Já a modelo Andreia Feldaus, 27, do estande da Fiat,
diz que os homens hoje não
querem saber dos carros, só
das mulheres. "Eles [homens] querem tirar foto abraçando a gente. Se vier com
mão-boba, revido e chamo
logo o segurança."
Amor incondicional, porém, sente o aposentado Antônio Carlos, 74. Mas pelo salão. Ele conta que esteve em
todas as edições desde 1960.
"A diferença é que, com
tantas novidades [são 450
modelos de carros], preciso
de quatro dias para conseguir ver tudo." Saudosista,
Carlos diz que gostaria de
voltar ao tempo das cantadas
românticas. "As mulheres
sempre atraem, mas hoje
usam menos pano."
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