São Paulo, domingo, 08 de outubro de 2006

Próximo Texto | Índice

Os sem-estepe

Motorista sofre com furto de roda sobressalente; montadora pode ser responsabilizada

Renato Stockler/Folha Imagem
Laerte Bueno usa corrente para evitar o furto em seu EcoSport


DA REDAÇÃO

São poucos os motoristas que calibram o estepe com regularidade. Um número menor ainda confere se ele está lá. E aí mora o perigo: veículos em que a roda sobressalente fica do lado de fora, como o Ford EcoSport e a Fiat Palio Weekend, têm sido vítimas de seu furto. Quem enfrentou o problema reclama que a proteção oferecida pelas montadoras é frágil demais. As fábricas argumentam que nada podem fazer, pois os ladrões conseguem burlar os sistemas que inventam. "É fácil violar o sistema de fixação", reclama o dentista Ricardo Akiti. Ao sair da casa de sua mãe, percebeu que a trava de segurança de sua Palio Weekend estava quebrada. O pneu não estava lá. A partir de então, passou a guardá-lo no porta-malas. Procurada pela Folha, a Fiat não se pronunciou. O engenheiro Laerte Luiz de Paiva Bueno preferiu se prevenir. Depois que a capa do estepe de seu EcoSport foi furtada e que um colega de trabalho foi vítima da nova modalidade de crime, colocou uma corrente com cadeado no estepe. Gastou R$ 20 "para dificultar a vida de quem quiser levar o estepe". A Ford diz que essas ocorrências envolvem todas as marcas e que a incidência maior é entre picapes, utilitários esportivos, peruas e hatchbacks. No EcoSport, o pneu extra é preso com um parafuso com código de segurança. Márcia Christina Oliveira, técnica do Procon-SP (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor), diz que é possível questionar na Justiça a culpa da montadora. "Ela não deveria deixar nenhum acesso, como pôr o estepe sob o carro." Dois anos atrás, a Volkswagen foi condenada a indenizar o dono de um Golf pelo conserto da fechadura e pela reposição do estepe e do toca-CDs furtados, além de R$ 3.000 de reparação por danos morais.

Sem opção
Aparentemente, a única saída é acorrentar o estepe. "Não adianta parafuso com código, o pessoal pega o macete", explica o vendedor de uma revenda da Ford. O acessório atinge R$ 45, e é mais barato do que comprar um estepe novo. Se a roda for de liga leve, o dono de um EcoSport terá de pagar R$ 465. A roda de ferro sai por R$ 147. Outra opção são os parafusos que a Burg acabou de lançar. Por R$ 190, o motorista pode se proteger com quatro parafusos ou porcas, que só são liberados com uma chave especial. "A partir da metade do ano, a procura cresceu. Hoje, vendemos 45 correntes por mês", contabiliza o vendedor da Lopan Ilton de Deus. A Folha procurou a Secretaria de Segurança Pública e o Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), que não dispõem de estatísticas. Raramente é registrado boletim de ocorrência. Mas é bom se prevenir e procurar uma delegacia. Andar sem o estepe pode gerar uma multa de R$ 127,69, já que ele é um equipamento obrigatório, segundo o Código de Trânsito Brasileiro. (JOSÉ AUGUSTO AMORIM)


Com ROSANGELA DE MOURA, colaboração para a Folha

Próximo Texto: Motorista deve ser indenizado
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.