São Paulo, domingo, 09 de julho de 2006

Próximo Texto | Índice

Amparo a velhinhos

Renato Stockler/Folha Imagem
Aparecido Romano gastou R$ 310 e esperou um mês pela placa preta de seu Gordini 1967


DA REPORTAGEM LOCAL

Para o antigomobilista, a preservação das características originais de seu carro é uma obsessão, e a placa preta, um troféu. Nessa missão -e também na importação de antigos-, os automóveis clube são aliados.
Após restaurar seu Renault Gordini 1967, o advogado Aparecido Romano, 51, foi ao Clube do Fusca e pagou R$ 100 pela vistoria de originalidade e outros R$ 210 pela filiação. Pode parecer estranho, mas há clubes que aceitam outras marcas.
O Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) exige que o carro seja de coleção, ou particular ou de um clube. Só assim ele ganha a placa preta, o que dispensa itens obrigatórios depois de sua fabricação, como o cinto de três pontos.
No BMW Car Club, a vistoria só é feita para carros da marca e sai por R$ 100. A associação custa R$ 330. "Nossa missão é a preservação dos BMW", explica Antonio Munhoz, 48, presidente da entidade.
Entrar para o Alfa Romeo Clube não é tão fácil: "Só aceitamos indicações de quem tenha Alfa", esclarece Daniel Soares, 60, secretário da entidade.
Contra o "amadorismo" nas inspeções luta a FBVA (Federação Brasileira de Veículos Antigos). "Fornecemos planilhas para a vistoria, o manual do vistoriador e treinamento para os clubes", explica Roberto Suga, 42, vice-presidente do órgão.
As mulheres também participam. "Vamos com nossos maridos aos encontros", conta a presidente da Sociedade Feminina de Automóveis Antigos, Ednesi Carratu, 62, que tem um Mercedes-Benz SL 1969.

Importação
A lei só permite que veículos com mais de 30 anos sejam importados. É preciso filiar-se a um clube e procurar a FBVA ou a Fundação Memória do Transporte, que atestarão a idade e a importância do modelo. Em seguida, o Decex (Departamento de Operações de Comércio Exterior) e o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) autorizam a importação.
"Gastam-se US$ 11,5 mil [R$ 25 mil] em despesas e impostos para trazer um carro de US$ 5.000 [R$ 11 mil]", explica o despachante aduaneiro Elier Oliveira, 50. "O prazo é de 90 dias, mas as greves atrasam."
O contador Julio Abrantes, 58, sabe bem disso. Há um ano, importou dois Chevrolet Corvette Stingray e só recebeu os carros agora. "Comprei dois Cadillacs em 2001, e eles chegaram em apenas 60 dias. A burocracia atrapalha demais, e as greves, mais ainda."
(GERSON CAMPOS)

Próximo Texto: Valorosa, placa preta exige 80% de originalidade
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.