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Amparo a velhinhos
Renato Stockler/Folha Imagem
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Aparecido Romano gastou R$ 310 e esperou um mês pela placa preta de seu Gordini 1967 |
DA REPORTAGEM LOCAL
Para o antigomobilista, a preservação das características
originais de seu carro é uma obsessão, e a placa preta, um troféu. Nessa missão -e também
na importação de antigos-, os
automóveis clube são aliados.
Após restaurar seu Renault
Gordini 1967, o advogado Aparecido Romano, 51, foi ao Clube
do Fusca e pagou R$ 100 pela
vistoria de originalidade e outros R$ 210 pela filiação. Pode
parecer estranho, mas há clubes que aceitam outras marcas.
O Denatran (Departamento
Nacional de Trânsito) exige
que o carro seja de coleção, ou
particular ou de um clube. Só
assim ele ganha a placa preta, o
que dispensa itens obrigatórios
depois de sua fabricação, como
o cinto de três pontos.
No BMW Car Club, a vistoria
só é feita para carros da marca e
sai por R$ 100. A associação
custa R$ 330. "Nossa missão é a
preservação dos BMW", explica Antonio Munhoz, 48, presidente da entidade.
Entrar para o Alfa Romeo
Clube não é tão fácil: "Só aceitamos indicações de quem tenha
Alfa", esclarece Daniel Soares,
60, secretário da entidade.
Contra o "amadorismo" nas
inspeções luta a FBVA (Federação Brasileira de Veículos Antigos). "Fornecemos planilhas
para a vistoria, o manual do vistoriador e treinamento para os
clubes", explica Roberto Suga,
42, vice-presidente do órgão.
As mulheres também participam. "Vamos com nossos maridos aos encontros", conta a
presidente da Sociedade Feminina de Automóveis Antigos,
Ednesi Carratu, 62, que tem
um Mercedes-Benz SL 1969.
Importação
A lei só permite que veículos
com mais de 30 anos sejam importados. É preciso filiar-se a
um clube e procurar a FBVA ou
a Fundação Memória do Transporte, que atestarão a idade e a
importância do modelo. Em seguida, o Decex (Departamento
de Operações de Comércio Exterior) e o Ibama (Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis) autorizam a importação.
"Gastam-se US$ 11,5 mil [R$
25 mil] em despesas e impostos
para trazer um carro de US$
5.000 [R$ 11 mil]", explica o
despachante aduaneiro Elier
Oliveira, 50. "O prazo é de 90
dias, mas as greves atrasam."
O contador Julio Abrantes,
58, sabe bem disso. Há um ano,
importou dois Chevrolet Corvette Stingray e só recebeu os
carros agora. "Comprei dois
Cadillacs em 2001, e eles chegaram em apenas 60 dias. A burocracia atrapalha demais, e as
greves, mais ainda."
(GERSON CAMPOS)
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