São Paulo, domingo, 09 de setembro de 2007

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Anti-EcoSport

América Latina começa a receber o Tiggo, utilitário esportivo da Chery que custa menos que o da Ford e tem equipamentos como ABS

JOSÉ AUGUSTO AMORIM
ENVIADO ESPECIAL A SANTIAGO

Sucesso em toda a América Latina, o Ford EcoSport já tem motivo para se preocupar. O nome do inimigo é Tiggo, jipinho da Chery que começou a ser vendido no Chile no dia 1º e será feito na fábrica que a chinesa construiu no Uruguai -com oferta ali e na Argentina.
Sua arma é o preço. Importado para o Chile com motor 2.0, custa o equivalente a US$ 17 mil (R$ 33,3 mil). Os chilenos pagam US$ 19,2 mil (R$ 37,7 mil) pelo EcoSport com a mesma motorização, mas 4x4.
Ainda que a tração do Tiggo seja dianteira, seu pacote de equipamentos faz esse preço parecer uma pechincha. A versão chilena inclui ar-condicionado, disqueteira para seis CDs, trio elétrico, alarme.
E os itens de segurança aliviam quem viu as fotos do crash-test do Brilliance BS 6 -cujo chassi dobrou. Segundo Ignacio Bengoechea, do departamento comercial da Chery no Chile, os carros que entram naquele país devem obedecer a normas européias de proteção.
O Tiggo oferece de série freios a disco com ABS (antitravamento) e EBD (distribuição eletrônica da força de frenagem), além de dois airbags.
Com esses equipamentos, a Ford cobra, no Brasil, R$ 63.120 pelo EcoSport. Para compensar, ele oferece um motor com 20 cv (cavalos) a mais. Enquanto o chinês tem 123 cv, o baiano gera 143 cv.
Durante a avaliação da Folha em Santiago, o propulsor multiválvulas do Tiggo se mostrou ruidoso, mas com boa elasticidade. Outro porém foi o diminuto espaço para o motorista.
Os números mostram que o modelo da Chery é pouca coisa maior que o da Ford. O Tiggo é 5,7 cm mais comprido e 2,6 cm mais alto. Na distância entreeixos, um dos principais indicadores de espaço interno, a vantagem é de 2 cm. E os dois têm o estepe preso do lado de fora da tampa do porta-malas.

Distância
O Tiggo e seus "irmãos" -as 14 lojas chilenas também venderão o compacto QQ e os sedãs Byte e A5- estão rondando o Brasil, mas ainda não têm data definida para chegar aqui.
O primeiro problema é que o Brasil cobra um Imposto de Importação de 35%, o que deixa caro qualquer carro. A saída seria, então, importar do Uruguai, que, por ser membro do Mercosul, anula qualquer taxa.
Ali, o Tiggo é montado em CKD (as peças vêm da China), e a capacidade é de 25 mil carros por ano. Os primeiros carros serão vendidos no Uruguai e na Argentina ainda em 2007, e o QQ será importado da China.
Mesmo assim, a venda aqui não está certa. A Folha apurou que a Chery vê muito preconceito do brasileiro em relação a carros chineses e contratou uma consultoria de imagem.
Se bem que o brasileiro adoraria ter um jipinho mais barato que um Volkswagen Polo.


O Tiggo foi cedido para avaliação pelo grupo SK Bergé, importador chileno da Chery

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