São Paulo, domingo, 10 de janeiro de 2010

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O dia em que Davi empatou com Golias

Leve e com motor de "apenas" 200 cv, A3 Sport acelera como o "irmão" S3 de 259 cv, que custa o dobro

teste folha-mauá

FELIPE NÓBREGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Na estrada, o motorista que está com pressa precisa ficar na faixa da esquerda e com o dedo engatilhado na alavanca de luz alta. Os flashes luminosos pedem passagem, mas nem sempre os outros se convencem rapidamente disso. Talvez pela cor amarela e por seu jeito de baixinho invocado, o Audi S3, só de aparecer nos retrovisores alheios, já abria caminho pela rodovia Castello Branco.
Nem a forte chuva que caía no trecho entre São Paulo e Sorocaba desviava o esportivo alemão sequer um dedo da trajetória. A tração integral distribuía às rodas a fúria do motor de 259 cavalos, que, ali, a 110 km/h e em sexta marcha, nem fazia cócegas na turbina de 1,2 bar de pressão.
Mesmo assim, dentro dele, tudo parece provocar o "piloto". O velocímetro marca até 300 km/h, os bancos são envolventes, e o volante, de base reta e com "borboletas", imita o de um carro de competição.
Tudo decorado com o capricho habitual dos alemães. Mas isso tem um preço -e um peso. Com 1.495 kg, o S3 não consegue ser tão ágil quanto o "primo" TT-RS, por exemplo, que usa a mesma mecânica e tem carroceria mais leve.
No teste Folha-Mauá, o hatch mais apimentado da Audi precisou de 7,2s para acelerar de 0 a 100 km/h, cerca de 1s mais lento que o prometido pela montadora. O pior é que a versão mais barata e despretensiosa do A3, a Sport com carroceria de três portas e motor 59 cv menos potente, conseguiu acelerar no mesmo tempo -em velocidades mais altas, é apenas um nariz mais lenta. Afinal, para quem paga R$ 208 mil por um S3, isso pode soar como uma ofensa.
Quem dá risada à toa são os donos de A3 Sport (R$ 110 mil), que dificilmente vão ficar para trás nas saídas de sinal. O modelo também traz o controle de lançamento, que potencializa as arrancadas, como nos Porsche.
Para reproduzir a sensação de ser arremessado contra o banco de um avião no momento da sua decolagem, basta apertar a tecla que desativa o controle de tração do carro, pisar firme no pedal do freio e acelerar fundo. Quando o conta-giros atingir 3.000 rpm, é só liberar o freio e ouvir os pneus fritando o asfalto.

Lua de mel
Para os que buscam conforto, o A3 Sport também agrada. Traz ar-condicionado digital, teto solar elétrico e acabamento interno de couro. Já as rodas grafite aro 17 e o controle de estabilidade casam bem com a suspensão macia -a do S3, ao contrário, é dura.
A lua de mel com o novo "popular" da Audi, que substitui o A3 1.6, é interrompida quando você precisa transportar alguém no banco de trás. Como em qualquer outro veículo de duas portas, o acesso à parte traseira é sofrível.
A Audi até que tentou amenizar o perrengue instalando bancos dianteiros inclináveis e deslizantes no carro. Entretanto, o assento precisa ser reajustado após cada operação. Nessa hora, talvez seu carona indague por que você não economizou R$ 8.000 e levou o "pacato" BMW 118i (136 cv) de quatro portas para casa.


A Audi cedeu os carros para teste

INSTITUTO MAUÁ DE TECNOLOGIA

www.maua.br
0/xx/11/4239-3092


Folha Online

Assista ao "pega" entre Audi S3 e A3 Sport
www.folha.com.br/1000811



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