São Paulo, domingo, 11 de fevereiro de 2007

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Automóveis híbridos devem salvar Terra

Etanol e diesel são tão prejudiciais ao ambiente quanto gasolina; carros novos tendem a ficar mais caros

DA REDAÇÃO

Temperaturas 4C mais altas, praias com menos areia, furacões e tufões mais intensos. O cenário de caos anunciado pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática), divulgado no dia 2, coloca os automóveis como um dos principais vilões do ambiente.
O órgão, criado pela Organização das Nações Unidas, diz que o aquecimento global é causado, principalmente, pela queima de óleo e carvão -o que move carros e fábricas.
A União Européia já estuda uma lei para diminuir a emissão de poluentes. O consumidor dos EUA, o maior produtor de automóveis do mundo, já tem dado preferência aos carros de menor consumo.
George W. Bush anunciou que o país deve diminuir o consumo de gasolina e dar preferência a biocombustíveis, como o etanol. Além de reduzir sua dependência de países "inimigos", como a Venezuela, a troca beneficiaria o ambiente.
Contudo um estudo da Universidade da Califórnia (Davis) revela que o etanol americano -feito de milho- emite apenas 2% menos gás carbônico que a gasolina.
Até mesmo o diesel, considerado mais "limpo" que a gasolina, tem um papel de vilão. "Os veículos a diesel emitem mais particulados [parte mais perigosa da poluição do ar] que os a gasolina", disse à Folha Mark Jacobson, professor da Universidade Stanford e autor de um estudo sobre o combustível.
Na União Européia, houve quase um incidente diplomático para os carros ficarem mais limpos. Uma lei a ser votada obrigará a uma queda de emissão de poluentes dos atuais 163 g/km (gramas por quilômetro) para 120 g/km em 2012.
O comissário de Ambiente, Stavros Dimas, defende que todas as fábricas cumpram a nova regra, mas o de Indústria, Günter Verheugen, é a favor de um pacto voluntário com elas. Ele é da Alemanha, país famoso por seus carros potentes.

Ataque
Wendelin Wiedeking, executivo-chefe da Porsche, definiu o plano como "um ataque contra a BMW, a Mercedes, a Audi e nós próprios". A lei beneficiaria as montadoras francesas e italianas, pois elas fazem carros de performance inferior.
Até as famosas estradas alemãs sem limite de velocidade estão ameaçadas. Como os carros tendem a apresentar um consumo maior em velocidades mais altas, a imposição reduziria a quantidade de carbono jogado na atmosfera.
A chanceler Angela Merkel descartou os limites. "Precisamos de programas diferentes para cada mercado, levando em conta o tamanho dos carros."
"Não creio que seja realista pedir aos canadenses: "Parem de usar seus carros'", disse o primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harper. Como andar a pé não será uma solução viável em nenhuma parte do planeta, as montadoras já estão trabalhando pelo ambiente.

Consciência
A Nissan acabou de lançar, só para o Japão, um serviço que compara as médias de consumo de vários motoristas. Na internet, são disponibilizados os números dos condutores, estimulando uma competição.
O professor de Stanford diz que a única maneira de dirigir sem ter peso na consciência é escolher carros híbridos ou elétricos se a energia vier de fontes renováveis, como o vento.
Mas trata-se de uma tecnologia cara. Nos EUA, a Toyota cobra US$ 18.470 (R$ 39 mil) pelo Camry, um dos carros mais vendidos lá. O Prius, com motor elétrico e a gasolina, custa US$ 22.175 (R$ 46,5 mil).
A lei européia também aumentará os preços. "O encarecimento será compensado porque os carros serão mais eficientes em termos de consumo energético", diz o comissário de Indústria da União Européia.
Por aqui, chama a atenção a iniciativa da Peugeot, que construiu um poço de carbono -uma área onde banca o reflorestamento. É uma troca: os carros jogam CO2 na atmosfera, e as plantas o absorvem.
Afinal, tudo isso parece distante do Brasil, mas é bom mudar o raciocínio. Segundo a ONU, serão os países pobres os que mais sofrerão com o clima.


Com agências internacionais

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