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Automóveis híbridos devem salvar Terra
Etanol e diesel são tão prejudiciais ao ambiente quanto gasolina; carros novos tendem a ficar mais caros
DA REDAÇÃO
Temperaturas 4C mais altas, praias com menos areia, furacões e tufões mais intensos. O
cenário de caos anunciado pelo
IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática), divulgado no dia 2, coloca
os automóveis como um dos
principais vilões do ambiente.
O órgão, criado pela Organização das Nações Unidas, diz
que o aquecimento global é
causado, principalmente, pela
queima de óleo e carvão -o que
move carros e fábricas.
A União Européia já estuda
uma lei para diminuir a emissão de poluentes. O consumidor dos EUA, o maior produtor
de automóveis do mundo, já
tem dado preferência aos carros de menor consumo.
George W. Bush anunciou
que o país deve diminuir o consumo de gasolina e dar preferência a biocombustíveis, como
o etanol. Além de reduzir sua
dependência de países "inimigos", como a Venezuela, a troca
beneficiaria o ambiente.
Contudo um estudo da Universidade da Califórnia (Davis)
revela que o etanol americano
-feito de milho- emite apenas
2% menos gás carbônico que a
gasolina.
Até mesmo o diesel, considerado mais "limpo" que a gasolina, tem um papel de vilão. "Os
veículos a diesel emitem mais
particulados [parte mais perigosa da poluição do ar] que os a
gasolina", disse à Folha Mark
Jacobson, professor da Universidade Stanford e autor de um
estudo sobre o combustível.
Na União Européia, houve
quase um incidente diplomático para os carros ficarem mais
limpos. Uma lei a ser votada
obrigará a uma queda de emissão de poluentes dos atuais 163
g/km (gramas por quilômetro)
para 120 g/km em 2012.
O comissário de Ambiente,
Stavros Dimas, defende que todas as fábricas cumpram a nova regra, mas o de Indústria,
Günter Verheugen, é a favor de
um pacto voluntário com elas.
Ele é da Alemanha, país famoso
por seus carros potentes.
Ataque
Wendelin Wiedeking, executivo-chefe da Porsche, definiu o
plano como "um ataque contra
a BMW, a Mercedes, a Audi e
nós próprios". A lei beneficiaria
as montadoras francesas e italianas, pois elas fazem carros de
performance inferior.
Até as famosas estradas alemãs sem limite de velocidade
estão ameaçadas. Como os carros tendem a apresentar um
consumo maior em velocidades
mais altas, a imposição reduziria a quantidade de carbono jogado na atmosfera.
A chanceler Angela Merkel
descartou os limites. "Precisamos de programas diferentes
para cada mercado, levando em
conta o tamanho dos carros."
"Não creio que seja realista
pedir aos canadenses: "Parem
de usar seus carros'", disse o
primeiro-ministro do Canadá,
Stephen Harper. Como andar a
pé não será uma solução viável
em nenhuma parte do planeta,
as montadoras já estão trabalhando pelo ambiente.
Consciência
A Nissan acabou de lançar, só
para o Japão, um serviço que
compara as médias de consumo de vários motoristas. Na internet, são disponibilizados os
números dos condutores, estimulando uma competição.
O professor de Stanford diz
que a única maneira de dirigir
sem ter peso na consciência é
escolher carros híbridos ou elétricos se a energia vier de fontes
renováveis, como o vento.
Mas trata-se de uma tecnologia cara. Nos EUA, a Toyota cobra US$ 18.470 (R$ 39 mil) pelo
Camry, um dos carros mais
vendidos lá. O Prius, com motor elétrico e a gasolina, custa
US$ 22.175 (R$ 46,5 mil).
A lei européia também aumentará os preços. "O encarecimento será compensado porque os carros serão mais eficientes em termos de consumo
energético", diz o comissário de
Indústria da União Européia.
Por aqui, chama a atenção a
iniciativa da Peugeot, que construiu um poço de carbono
-uma área onde banca o reflorestamento. É uma troca: os
carros jogam CO2 na atmosfera,
e as plantas o absorvem.
Afinal, tudo isso parece distante do Brasil, mas é bom mudar o raciocínio. Segundo a
ONU, serão os países pobres os
que mais sofrerão com o clima.
Com agências internacionais
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