|
Próximo Texto | Índice
À espera de um carro
Mercado aquecido acaba com estoques e faz motorista aguardar seu veículo por até 90 dias
MARIANA DESIMONE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Nunca se comprou tanto
carro no Brasil. Este ano deve
acabar com 2,4 milhões de emplacamentos, 25% a mais que
2006. Se é sinal de que a economia vai bem, isso também significa que o cliente precisa de
paciência para deixar a revenda
com um zero-quilômetro.
A Folha fez um levantamento com mais de 70 concessionárias na Grande São Paulo e
constatou, com freqüência, a
ausência de carros para pronta
entrega -as exceções ficam
por conta da Renault e da
Citroën. Em média, a espera
prometida é de 30 dias.
O problema é que, na prática,
o prazo pode pular para 90
dias. O bancário Jair Sardelari,
por exemplo, espera desde 8 de
agosto sua Chevrolet Montana:
"Já faz 90 dias -e nada".
Para Francisco Stefanelli, diretor nacional de vendas da General Motors, esse não é o panorama que a empresa oferece.
"Em média, tem ocorrido um
prazo de duas semanas para a
entrega dos veículos", aponta.
Há ressalvas para modelos
específicos, como o Corsa, o
Prisma e a S10, cuja espera varia de 30 a 45 dias, conforme
Stefanelli. Para não atrasar ainda mais as encomendas, a montadora suspendeu as férias coletivas no final do ano.
O discurso oficial, contudo,
não bate com a realidade. A estudante Adriana Esposito de
Souza só conseguiu seu Corsa
1.4 após gritar na concessionária -e esperar 85 dias. "Ameacei até chamar a polícia."
O médico Flavio Eduardo
Prisco diz que, se soubesse que
seu Fiat Punto iria demorar 75
dias para chegar, não o teria
comprado. Ele optou pela cor
laranja e por airbags laterais e
do tipo cortina. "Entendo que
esses acessórios não sejam comuns, mas me deram uma estimativa de 30 dias."
A Fiat justifica a falta de modelos para a pronta entrega devido à grande demanda. Segundo a montadora, "alguns modelos realmente não são encontrados para pronta entrega nas
lojas de São Paulo".
Mas há casos ainda mais desesperadores. O administrador
Valdir Santos quer comprar
um Volkswagen Golf, mas não
consegue. Como ninguém sabe
informar quando o carro chegará, ele prorrogou a compra
para 2008. "Até lá, as coisas devem estar mais tranqüilas."
A projeção da montadora
converge com a de Santos. "A
expectativa é de redução da fila
de espera. Não haverá férias
coletivas para a produção neste
ano", afirma a Volkswagen.
A Honda -que passou 2007
sem ter nem Civic nem Fit nas
lojas - não deixará de dar férias coletivas, o que fará a fila
de espera aumentar ainda mais
após o Natal.
"Desde o começo do ano, estamos investindo em produção, mas o mercado continua a
procurar nossos produtos", diz
Alberto Pescumo, gerente-geral comercial da Honda, que
prevê uma espera de 40 dias.
A Ford, em cuja rede não há
seus principais produtos, o
Fiesta e o EcoSport, disse à Folha que não se pronunciaria
porque "o problema é pontual
de algumas concessionárias".
As revendas da Peugeot
apontam que a falta do 206 só
ocorre na versão Sensation 1.4.
Por ser vendido só pela internet, cada carro é configurado
de uma maneira diferente.
Próximo Texto: Fila de espera Índice
|