São Paulo, domingo, 11 de novembro de 2007

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peças & acessórios

Sem necessidade de ajudar álcool, combustível no tanque auxiliar estraga em três meses

Calor dispensa gasolina "salvadora"

DO "AGORA"

Os carros bicombustíveis já representam 85% do mercado nacional. Embora sejam a preferência nacional, a existência dos motores flexíveis ainda é cercada de mitos, como o de que esses veículos precisam revezar o combustível periodicamente -o que é mentira, de acordo com as montadoras.
Outra dúvida diz respeito ao sistema de partida a frio: em regiões quentes, a gasolina do tanque auxiliar fica parada e envelhece, podendo estragar e entupir toda a tubulação.
Com a proximidade do verão, foram consultadas as fábricas para saber qual é a orientação com relação ao sistema. E houve uma surpresa: três marcas -a Ford, a Chevrolet e a Peugeot- dizem que o reservatório pode permanecer vazio caso a temperatura esteja alta.
A justificativa é a seguinte: três meses após o seu refino, a gasolina se deteriora. "Além de perder suas propriedades químicas, ela forma uma espécie de goma na tubulação, exigindo uma limpeza do sistema", diz Reinaldo Nascimbeni, supervisor de serviços técnicos da Ford. Se isso acontecer, o motorista terá problemas no frio.
Para minimizar o possível defeito, as fábricas têm criado tanques cada vez menores. A Volkswagen e a Ford usam reservatórios de um litro. Os modelos da Honda têm 700 mililitros. Nos carros da Peugeot, são 500 ml, e nos da Chevrolet, 400 ml. Os carros a álcool dos anos 80 tinham tanques auxiliares de até dois litros para a gasolina ajudar na partida.
A Volkswagen, pioneira na tecnologia bicombustível no Brasil, mantém a recomendação da época do lançamento do Gol Total Flex, em 2003: o motorista deve completar o "tanquinho" a cada abastecimento do veículo, sem precisar se preocupar com o envelhecimento da gasolina.
"O sistema foi concebido para que, em condições normais de uso, não seja necessária nenhuma ação", afirma Paulo Sanches, gerente de assistência técnica da montadora.
Assim também raciocina a Honda, a antepenúltima a ter um carro bicombustível. "Sem gasolina, a tubulação resseca, e a bomba da partida a frio pode se estragar", ressalta o gerente de serviços Alexandre Cury.
Na dúvida, o ideal é seguir a orientação do manual do proprietário que vem no carro.
Consultadas, Citroën, Renault e Toyota não se manifestaram sobre o assunto.

Sem botão
Dar a partida nos primeiros carros a álcool era tarefa difícil e exigia paciência. A solução adotada na época mesclava o afogador (comando que aumentava a aceleração) e um botão de injeção de gasolina. Atualmente, com a eletrônica, a operação é automática.
"Com o álcool, a pulverização do combustível dentro do motor só é possível a partir de 18C. Abaixo dessa temperatura, a queima fica impossibilitada", diz Alberto Meyer, coordenador de treinamento de pós-vendas da Peugeot.
Dar a partida num motor a álcool abaixo de 17C é tão difícil quanto ligar um carro a gasolina a 10C negativos. Por isso é necessária a ajuda da gasolina nesse momento inicial.


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