São Paulo, domingo, 15 de fevereiro de 2004

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AUTOPEÇA

Selo do Inmetro e nova tecnologia de restauro procuram diminuir a resistência de parte dos consumidores

Fabricantes passam borracha no passado do pneu reformado

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Em 2005, entra em vigor compulsoriamente um selo do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) que vai atestar a qualidade dos pneus reformados de carros de passeio. Era o impulso que faltava ao mercado que, após amargar uma fase de estagnação, tem crescido nos últimos cinco anos graças à evolução tecnológica que criou a remoldagem.
Diferentemente da recauchutagem e da recapagem, a nova técnica recupera a peça toda. O uso de pneus reformados, que podem custar de 30% a 50% menos que um novo, representa economia e alternativa ecologicamente correta (o material é de difícil decomposição). Mas é preciso cuidado.
"Só não sofri nada grave porque não havia outros carros na pista", conta a professora Lia Terezinha Capparelli Graziano. "No dia em que meu pai morreu, fui de carro ao velório. Estava muito calor, e um pneu estourou. Quando cheguei, troquei por novos e nunca mais usei os recauchutados."
Sua posição parece isolada, considerando os números do mercado. "Nossas vendas cresceram 10% nos últimos cinco anos", afirma Leôncio Barão, diretor de marketing da Borrachas Vipal, empresa gaúcha especializada em produtos para reforma e reparo.
O Brasil é o segundo maior produtor desse tipo de material, com 11 mil toneladas/mês, atrás apenas dos EUA (23 mil toneladas). Segundo a ABR (associação de reformadoras), são restaurados cerca de 650 mil pneus por mês.
Os consumidores, no entanto, ainda carecem de informação, admite o diretor da Aresp (associação dos reformadores paulistas) Edson Marconato. "Antigamente a reforma não tinha critério, os próprios borracheiros faziam."

Critérios
A nova técnica implica, primeiramente, uma análise da carcaça do pneu que deverá receber as novas bandas de rodagem. A maior parte das carcaças é importada. "As da Europa têm pouco uso. As nossas ficam muito gastas por causa das estradas e porque os motoristas usam o pneu até ficar careca", explica Marconato.
Se a carcaça for diagnosticada como boa, uma nova cobertura é vulcanizada sobre ela. Cada peça pode ser reformada apenas uma vez. Ao final do processo, o pneu remoldado parece novo.
Como saber, porém, se a empresa reformadora segue as especificações legais? "Para isso, haverá a certificação", diz Marconato. Até lá, é bom pedir indicações (taxistas conhecem as lojas).
O gerente de vendas Carlos Alberto Cherubim, por exemplo, recomenda os remoldados. "Já coloquei em dois carros e nunca me arrependi, nunca furaram ou deram problema", conta.
Alexandre Novaes, coordenador da Comissão de Segurança Veicular da AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva), faz restrições. "O fundamental continua sendo a qualidade da carcaça, e não há ultra-som ou aparelho de raios X para ver se ela está em boas condições."
(RENATA DE GASPARI VALDEJÃO)


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