São Paulo, domingo, 15 de julho de 2007

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Jipão e esportivo matam mais

Características técnicas, como tração traseira e centro de gravidade alto, exigem perícia

FABIANO SEVERO
DA REPORTAGEM LOCAL

O jogador Edmundo, do Palmeiras, pode nunca ter sido um exemplo de bom garoto no trânsito, mas ficou chocado com a morte do colega de clube Carlos Soares, 23, na madrugada do último domingo.
"Os jogadores deveriam ter uma orientação na hora de investir o seu dinheiro. Acabam comprando carros velozes e sofrendo acidentes graves", comentou Edmundo à TV Globo.
Em 1995, ele próprio capotou seu Jeep Grand Cherokee na região da lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, matando três pessoas e deixando outras três gravemente feridas.
Afinal, os utilitários esportivos são mais perigosos? Ou seria um problema de imprudência ou de imperícia?
César Urnhani, instrutor de pilotagem da BMW, afirma que os jipões são mais vulneráveis a capotamento. Eles têm o centro de gravidade alto, a suspensão macia (para asfalto e terra) e motores muito potentes.
"Só não morrem mais motoristas sem perícia porque esses carros de luxo têm muitos itens de segurança ativa, como freio ABS [antitravamento] e ESP [controle de estabilidade], e passiva, como airbags e barras de proteção nas portas."
De acordo com testemunhas, Alemão -como o jogador era conhecido no Palmeiras- perdeu o controle do carro em uma curva e capotou. "Quando escapam de traseira, o Toyota Hilux SW4 e os outros utilitários dificilmente recuperam a trajetória", diz Urnhani.
Para evitar isso, o Ford EcoSport traz o seguinte aviso no quebra-sol: "Evite manobras bruscas e velocidade excessiva. Maior risco de capotamento".

Marginais assassinas
Outros carros que exigem perícia são os superesportivos. Há um mês, um Ferrari F360 bateu violentamente numa árvore na marginal Pinheiros. O carro ficou destruído, mas o motorista nada sofreu.
"Esses carros têm muita potência e, em geral, tração traseira. Isso exige mais cuidado e habilidade do motorista", afirma Mauri de Souza, chefe da oficina da Via Itália, única concessionária da Ferrari no país. A marca é representada pela importadora Via Europa.
Ao comprar um Ferrari, o motorista ganha o direito de fazer um curso de pilotagem na sede da empresa, em Maranello, na Itália. Isso, porém, não impede que aconteçam acidentes graves, principalmente nas marginais Tietê e Pinheiros.
Segundo a CET-SP (Companhia de Engenharia de Tráfego), a marginal Tietê é a via mais perigosa da cidade. Por mês, morrem ali pelo menos quatro pessoas. Na maioria, jovens entre 18 e 29 anos.
Na marginal Pinheiros, a média cai para três mortos por mês. Depois, vêm a estrada do M'Boi Mirim e as avenidas Senador Teotônio Vilela, Robert Kennedy (todas na zona sul) e Aricanduva (zona leste), diz o levantamento da CET-SP.


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