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Jipão e esportivo matam mais
Características técnicas, como tração traseira e centro de gravidade alto, exigem perícia
FABIANO SEVERO
DA REPORTAGEM LOCAL
O jogador Edmundo, do Palmeiras, pode nunca ter sido um
exemplo de bom garoto no
trânsito, mas ficou chocado
com a morte do colega de clube
Carlos Soares, 23, na madrugada do último domingo.
"Os jogadores deveriam ter
uma orientação na hora de investir o seu dinheiro. Acabam
comprando carros velozes e sofrendo acidentes graves", comentou Edmundo à TV Globo.
Em 1995, ele próprio capotou
seu Jeep Grand Cherokee na
região da lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, matando
três pessoas e deixando outras
três gravemente feridas.
Afinal, os utilitários esportivos são mais perigosos? Ou seria um problema de imprudência ou de imperícia?
César Urnhani, instrutor de
pilotagem da BMW, afirma que
os jipões são mais vulneráveis a
capotamento. Eles têm o centro de gravidade alto, a suspensão macia (para asfalto e terra)
e motores muito potentes.
"Só não morrem mais motoristas sem perícia porque esses
carros de luxo têm muitos itens
de segurança ativa, como freio
ABS [antitravamento] e ESP
[controle de estabilidade], e
passiva, como airbags e barras
de proteção nas portas."
De acordo com testemunhas,
Alemão -como o jogador era
conhecido no Palmeiras- perdeu o controle do carro em uma
curva e capotou. "Quando escapam de traseira, o Toyota Hilux
SW4 e os outros utilitários dificilmente recuperam a trajetória", diz Urnhani.
Para evitar isso, o Ford EcoSport traz o seguinte aviso no
quebra-sol: "Evite manobras
bruscas e velocidade excessiva.
Maior risco de capotamento".
Marginais assassinas
Outros carros que exigem perícia são os superesportivos. Há
um mês, um Ferrari F360 bateu violentamente numa árvore na marginal Pinheiros. O
carro ficou destruído, mas o
motorista nada sofreu.
"Esses carros têm muita potência e, em geral, tração traseira. Isso exige mais cuidado e
habilidade do motorista", afirma Mauri de Souza, chefe da
oficina da Via Itália, única concessionária da Ferrari no país.
A marca é representada pela
importadora Via Europa.
Ao comprar um Ferrari, o
motorista ganha o direito de fazer um curso de pilotagem na
sede da empresa, em Maranello, na Itália. Isso, porém, não
impede que aconteçam acidentes graves, principalmente nas
marginais Tietê e Pinheiros.
Segundo a CET-SP (Companhia de Engenharia de Tráfego), a marginal Tietê é a via
mais perigosa da cidade. Por
mês, morrem ali pelo menos
quatro pessoas. Na maioria, jovens entre 18 e 29 anos.
Na marginal Pinheiros, a média cai para três mortos por
mês. Depois, vêm a estrada do
M'Boi Mirim e as avenidas Senador Teotônio Vilela, Robert
Kennedy (todas na zona sul) e
Aricanduva (zona leste), diz o
levantamento da CET-SP.
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