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Pneu murcho piora consumo
Teste exclusivo revela que pneu descalibrado aumenta gasto com combustível em até 10%
Marcelo Justo/Folha Imagem
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Pneu com pressão baixa deixa o carro com reações lentas
e pode até descolar da roda em curvas
FABIANO SEVERO
EDITOR-ASSISTENTE DE VEÍCULOS
A cena é comum: o motorista
chega ao posto de gasolina para
abastecer e, quando vê o calibrador, não pensa duas vezes.
Pede "28 libras nas quatro". Isso quando não acha que calibrar é perda de tempo.
Cada carro, porém, tem sua
calibragem específica, indicada
no manual do proprietário.
O que poucas pessoas sabem
é que circular com os pneus
murchos pode aumentar o consumo de combustível em até
10%, revela um trabalho de
conclusão de curso de alunos
de engenharia mecânica automotiva do IMT (Instituto
Mauá de Tecnologia).
No estudo, um Ford Fiesta
foi testado com três jogos de
pneus Pirelli Cinturato P4 com
pressões de 30 psi (indicada pela Ford) a 15 psi. Abaixo disso,
há risco de o pneu descolar da
roda e causar um acidente.
"Com 25 psi, o carro consome 1,3% mais gasolina na estrada. Com 20 psi, esse número
sobe para 4,7%", detalha Hiussen Guilherme de Favari, graduando do IMT e piloto dos
testes Folha-Mauá.
Com a metade da calibragem
recomendada, o consumo aumenta 10,1% na estrada e 6,7%
na cidade. No Fiesta, a média
cai de 12,8 km/l para 11,7 km/l.
"O consumo piora porque o
pneu murcho tem maior área
de contato com o solo, aumentando o arrasto e o esforço do
motor para deslocar o veículo",
afirma Marcelo Rodrigues,
coordenador de marketing da
Goodyear. Um estudo da fabricante também mostra que, andar com a calibragem 20%
abaixo do recomendado, reduz
a vida útil do pneu em 16%.
Buracos
Segundo Roberto Falkenstein, diretor de pesquisa e desenvolvimento da Pirelli, uma
pesquisa mostrou que 80% dos
carros circulam com pneus
descalibrados, a grande maioria com pressão 5 psi (20%)
abaixo do recomendado.
Murcho, o pneu sofre desgaste mais acentuado nos "ombros", em vez de gastar a banda
de rodagem uniformemente.
Para Falkenstein, há outro
agravante no Brasil. "Como as
ruas são esburacadas, o impacto amassa o aro da roda e esvazia o pneu lentamente, o que
aumenta a temperatura interna e deforma a borracha. Em
geral, o motorista nem nota a
diferença ao dirigir."
Na pista, Favari conta que o
comportamento do carro piora
à medida que a pressão dos
pneus é reduzida. "Quanto
mais vazio, mais lenta é a reação do carro em curvas. E é preciso girar mais o volante."
Sem falar que, descalibrado,
o pneu está mais vulnerável a
impactos. Pode rasgar ou sofrer
bolhas nas laterais. Aí, é lixo.
Não serve mais para nada.
Em tempos de alta do álcool
-o preço do litro subiu 14% nos
últimos 30 dias-, não custa calibrar os pneus ao menos uma
vez por semana, seguindo a
pressão indicada no manual.
80%
dos carros circulam com
os pneus descalibrados,
aponta pesquisa da Pirelli
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