São Paulo, domingo, 19 de novembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

peças&acessórios

Diesel ruim "mata" motor de picape

Sujeira pode contaminar módulo de controle eletrônico e queimar bomba de combustível

DA REPORTAGEM LOCAL

Donos de picapes e utilitários a diesel são unânimes em dizer: "É motor para a vida toda". Só que a "vida toda" pode acabar logo ali, vítima de combustível adulterado. Água e solventes estão diluindo os sonhos de quem esperava rodar, pelo menos, 300 mil quilômetros com o derivado do petróleo.
Segundo Roberto Carvalho, supervisor de assistência ao cliente da MWM International -que fornece motores para Ford, Chevrolet, Nissan e Troller-, os primeiros sintomas são engasgos, perda de rendimento, consumo elevado e dificuldade para dar a partida. "Pode haver também o particulado [fumaça preta que sai pelo escapamento de alguns veículos a diesel]", diz Carvalho.
O supervisor explica que, mais perigoso que falhas no sistema de injeção e fumaça inconveniente no trânsito, o diesel adulterado pode comprometer as partes móveis do motor. "É possível que algum resíduo chegue ao bico injetor, impedindo o fornecimento de combustível daquele cilindro e descontrolando o ECM [Módulo de Controle Eletrônico]."
Com a sujeira, a outra vítima pode ser a bomba de combustível. Se o pré-filtro da bomba entupir, ela passará a funcionar em vão, queimando-a.
Márcio Tancredi, sócio-diretor da oficina Zergo, diz que a reparação de uma bomba elétrica custa R$ 3.000. "Nova, a peça pode chegar a R$ 8.000, dependendo do veículo."
Em caso de "motores contaminados", ele aconselha a limpeza do tanque de combustível -serviço que custa R$ 1.600- e a troca dos bicos injetores, que saem por R$ 450 cada um.

Falta preparo
Para o supervisor da MWM, como a tecnologia do motor eletrônico a diesel é recente -começou em 2004-, o dono tem de enfrentar mecânicos despreparados. "Quando eles não sabem o que há de errado, condenam a ECM, que, muitas vezes, está perfeita."
Em relação ao superaquecimento, Carvalho diz que é comum os mecânicos retirarem a válvula termostática -sensor usado para regular a temperatura da água que refrigera o motor. "Isso é um crime. O motor demora mais tempo para atingir a temperatura ideal."
Dirceu de Oliveira Filho, sócio-diretor da 4R Ambiental e dono de uma frota de picapes médias, está receoso de trocar os veículos por outros a diesel eletrônico. "Se com a bomba de combustível mecânica eu já enfrento problemas, imagine com a elétrica?", indaga Oliveira, que afirma ter gasto mais de R$ 30 mil consertando motores afetados por diesel adulterado.
José Antônio da Conceição, dono de uma Ford Ranger 3.0 Eletronic 2005, também enfrentou problemas com o diesel contaminado. "Mesmo abastecendo em postos de confiança, meu carro engasgava e demorava para dar a partida pela manhã", conta Conceição. O reparo da bomba de combustível, que é elétrica, custou R$ 2.400, e a troca dos quatro bicos injetores, R$ 1.600.
(FABIANO SEVERO)


Texto Anterior: Cor de novo
Próximo Texto: Para relaxar
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.