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Contradição verde
Salão de Detroit apresenta protótipos ecológicos, mas carros "brutamontes" e esportivos beberrões ainda
fazem a alegria de americanos
JOSÉ AUGUSTO AMORIM
ENVIADO ESPECIAL A DETROIT
O rio que separa Detroit
(EUA) de Windsor (Canadá)
não congelou neste inverno,
mas esse não foi o único efeito
do aquecimento global.
As montadoras investem cada vez mais em combustíveis
alternativos -em especial no
álcool-, sem abandonar as beberronas picapes, ainda líderes
e tão desejadas nos EUA.
Há 31 anos, a F-150 é o veículo mais vendido -vende mais
do que carro de passeio-, está
disponível em 35 versões e se
gaba de ter a maior capacidade
de tração. Os motores acompanham o que a F-150 sempre entregou -três V8 (oito cilindros
em "V"), sendo apenas um para
rodar com E85 (85% de álcool e
15% de gasolina).
Mesmo com um mercado de
picapes decadente, a Dodge
também tratou de fazer o que
seu cliente queria. Após muitas
clínicas, redesenhou a Ram,
que ganhou uma frente inclinada para parecer mais agressiva.
O capô de alumínio esconde
motores que vão de 215 cv (cavalos) a 380 cv -este faz o quase caminhão chegar a 100 km/h
em 7s. Mas será preciso esperar
até 2009 para vê-lo no Brasil.
Marcos de Oliveira, presidente da Ford Brasil e Mercosul, observa que o atual momento é de inflexão no mercado americano. O Salão de Detroit -que vai até o dia 27- expõe o que o cliente quer e o que
as fábricas precisam oferecer.
Nesse raciocínio, o Hx chega
como o menor dos Hummer.
Voltado para quem acabou de
sair da faculdade, tem 2,01 m
de largura e motor V6 E85.
Por outro lado, Bob Lutz, vice-presidente mundial de desenvolvimento da GM, enxerga
"muito espaço para as séries limitadas". Por isso ele apresentou o Cadillac CTS-V, que, com
550 cv, Lutz definiu como o sedã mais rápido do mundo.
Hipocrisia
Quem também não abre mão
de potência, claro, é a Ferrari. O
curioso é que até ela, em Detroit, "esverdeou" e trouxe um
F430 Spider com motor flexível. O objetivo é cortar a emissão de CO2 de seus carros em
40% até 2012. Tudo isso, porém, é só um conceito.
De qualquer forma, ela diz
que não quer abrir mão da exclusividade, assim como a Maserati. As cem unidades da versão Collezione Cento do Quattroporte trazem tecnologia de
iPod e companhia, e o acabamento é dos mais refinados.
O preço dos combustíveis e a
crise no mercado de crédito
não afetarão os ricos. "Eles
continuam gastando. Criamos
um mundo a que eles querem
pertencer", analisa o presidente da Maserati, James Selwa.
A Califórnia tem um rígido
controle antipoluição e é onde
mais se compra Ferrari nos
EUA. Essa "hipocrisia ecológica" faz crer que, de novo, o que
se vê no Cobo Center continuará na cabeça dos engenheiros.
O jornalista viajou a convite da Anfavea
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