São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 2000


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COMPORTAMENTO
Especialistas dizem por que faltar com boas maneiras compromete a segurança
Etiqueta destaca bom motorista

Greg Sallibian/Folha Imagem
Tathiana Souza, que, numa viagem entre São Paulo e Salvador (BA), apoiou os pés sobre o painel


LUÍS PEREZ
Editor interino de Veículos

Fechadas, xingamentos, gestos obscenos, má postura e o infalível dedo no nariz. Você já parou para pensar se tem agido como um "gentleman" no trânsito?
Afinal, com tantos problemas no dia-a-dia, qual é a importância de saber se você é ou não um motorista bem-educado? Especialistas procuram explicar por que se preocupar com a etiqueta.
"Ao mesmo tempo em que as pessoas estão expostas a muita informação, elas estão interagindo menos pessoalmente e, por isso, perdendo a mão da convivência. Nossos avós não tinham esse problema", teoriza Claudia Matarazzo, 41, jornalista e autora de livros sobre comportamento.
"É necessário existir uma linguagem comum, que é a etiqueta. É o mínimo para tornar a convivência suportável. No trânsito, você não está sozinho, mas interagindo com milhões de pessoas."
Etiqueta, então, pode ser definida como um código de relacionamento, com pontos comuns em relação ao código de trânsito em vigor. Algumas atitudes são simplesmente contra a lei ou têm a ver com segurança.

Perigos
"A etiqueta está muito ligada à noção de perigo. É a partir da realidade de perigo que surgiram muitas regras de etiqueta. Por que levar a comida à boca com uma faca contraria regras de etiqueta? Porque é perigoso", diz Celia Ribeiro, 70, jornalista e escritora.
Para ela, jogar lixo pela janela do carro é não só contrariar regras de civilidade, mas também perigoso. "Pode acertar o vidro dianteiro do automóvel que vem atrás em uma estrada e assustar o motorista."
O mesmo raciocínio vale para quem viaja no banco do passageiro com os pés apoiados sobre o painel. Imagine se, em um acidente, o airbag dispara.
Outra atitude que, para Celia, não se pode dispensar é um gesto de agradecimento -sinal de positivo com o polegar, por exemplo, quando alguém lhe dá passagem. "Quando você faz uso de expressões como "por favor" ou agradece alguém, está desestressando a situação", diz.

Desculpas
Não faltam justificativas a quem admite já ter contrariado o cerimonial do condutor de fino trato. "Papelzinho de bala às vezes sai. Se está muito melequento, você joga mesmo", afirma a estudante Tatiana Koutsohristos, 21.
Ela atribui a atitude a um "ato falho", dizendo por que a falta de educação no trânsito não reflete má educação generalizada: "O trânsito provoca estresse, e a pessoa acaba caindo do salto".
A atriz Tathiana de Almeida Souza, 20, é outra que deixou em casa os bons modos em uma viagem entre São Paulo e Salvador (BA). "Era uma viagem longa. Então, para não ficar sentada sempre na mesma posição, coloquei os pés no painel." Apesar de assumir a impolidez, pondera: "Na cidade, acho isso horrível".


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