São Paulo, domingo, 20 de março de 2011

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O avatar da Audi

RS5 responde rapidamente aos comandos do motorista, como se estivesse conectado à mente dele; cupê custa R$ 435 mil

DE SÃO PAULO

Você assistiu "Avatar"? Lembra-se daquele dragão que, ao ser conectado ao avatar, age pela mente? O nome dele podia ser RS5.
O cupê da Audi, enfim, conseguiu algo que só o BMW M3 havia atingido: uma interação refinada com o motorista. É só pensar em algo e pronto: o RS5 executa.
Tudo responde rapidamente, a começar pela direção. Os outros Audi costumam ter uma assistência elétrica exagerada em baixa velocidade e não tão precisa em alta. O RS5 é exceção à regra.
Basta esterçar um mínimo o volante revestido de alcântara para o cupê tomar a direção definida. Era o que faltava à perua RS4, o melhor Audi avaliado até então.
A suspensão tem três ajustes dos amortecedores: conforto, automático e esportivo. Conforto não é nada confortável, mas duro feito um Porsche Boxster S, e conecta o corpo diretamente aos buracos. Melhor nas pistas, pior nas ruas de São Paulo.
Os pneus Yokohama tampouco ajudam no conforto. Uma enorme medida 275/30 R20 nas quatro faz um olho de gato virar quebra-molas.

BANCOS DE PANDORA
Já na hora de curvar, o RS5 mostra-se um avatar de verdade. A agilidade ao trocar de faixa sacode o cérebro, que nunca sabe exatamente quando o limite da aderência será ultrapassado.
É o Jake, aquele avatar jovem que sempre testa seu próprio potencial até descobrir que pode sempre mais.
Por prudência, o controle de estabilidade, quando ligado, não deixa o motorista se empolgar demais. No modo esporte, permite breve algazarra lateral, até tudo voltar aos trilhos, como se deve.
Os bancos vêm do RS6 para reforçar a ligação entre carro e máquina -só falta mesmo um rabo para ligar na "crina" do carro.
Os apoios laterais seguram pernas, ombros e costelas nas curvas. Só as abas para as coxas cansam em longas viagens (como deve ser o tal dragão de Pandora).
Ele, aliás, por vezes despenca em queda livre. O RS5 está quase lá. Faz de 0 a 100 km/h em 5s, aponta o teste Folha-Mauá. Da Audi, só perde para R8 (V8 e V10), RS6 (sedã e perua) e RS4, a finada "perua da Porsche".
O motor 4.2 V8 é aspirado, não turbinado. Talvez por isso seja tão conectado ao "piloto". Gira até 8.500 rpm sob um som metálico que invade a corrente sanguínea e acelera o batimento cardíaco de qualquer um.

VALE OS R$ 435 MIL?
No câmbio automatizado, de dupla embreagem, há sempre um conjunto pronto pré-engatado, seja para subir ou descer as marchas -de uma marcha par, sempre passará para uma ímpar e vice-versa.
Mas são tão rápidas que quase não deixam a injeção direta respirar. Resultado: os escapes ovalados soltam um miniestouro a cada vez que você trisca na borboleta da direita, atrás do volante.
Nem o Toruk, o dragão quase indomável do filme, pensaria tão rápido.
No bolso, a coisa assusta. São R$ 435 mil. Vale? Sim e não. Sim, se você pensar que o RS5 é quase um R8 V8 e custa R$ 140 mil a menos.
Não, considerando-se os rivais reais do RS5, como BMW M3 (R$ 350 mil) e Mercedes C63 AMG (R$ 340 mil).
Ou melhor: com o valor do RS5, compra-se um BMW 335i (quase tão rápido) e um VW Passat CC R-Line (quase tão charmoso).
(FABIANO SEVERO)
A Audi cedeu o RS5 para teste

INSTITUTO MAUÁ DE TECNOLOGIA
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