São Paulo, domingo, 22 de fevereiro de 2004

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DUAS RODAS

Destinada a motoboys, conversão promete economia de pelo menos 28%

Empresa faz kit de conversão para primeira motocicleta movida a gás

ARMANDO PEREIRA FILHO
EDITOR-ASSISTENTE DE VEÍCULOS E CONSTRUÇÃO

Tendo como público-alvo os motoboys, chega nos próximos meses a primeira motocicleta a gás do país. A empresa brasileira de cilindros e válvulas MAT fez um kit de conversão, que promete economia de pelo menos 28%. O lançamento depende de aprovação do Inmetro -o que deve acontecer neste ano, mas ainda não há data, segundo o órgão.
A Folha e o Instituto Mauá fizeram um teste exclusivo com o único protótipo existente, montado numa Honda CG Titan 125. Ela fez 28,6 km por m3 de gás e 38,5 km por litro de gasolina (a economia se dá porque o gás é mais barato). Os dois cilindros com o combustível alternativo ficam na parte traseira. É possível levar passageiro ou baú.
A estimativa da MAT é que o kit custe cerca de R$ 1.000, quase 25% do preço de uma moto básica. O engenheiro mecânico Fausto Coimbra Andreotti, 32, gerente de pesquisa e desenvolvimento da MAT, diz que isso é compensado pela economia de combustível, (cerca de R$ 65 por mês e que pode melhorar, segundo a empresa).

Perigo?
A segurança deve ser considerada. A empresa diz que os cilindros têm 3,9 mm de espessura, o que os tornaria resistentes a choques. Vazamentos por válvulas e tubos seriam prevenidos com um sistema que reduz drasticamente a saída de gás em caso de rompimento.
O engenheiro mecânico Renato Romio, 37, professor de motores térmicos na Escola de Engenharia Mauá, afirma que o maior risco não são os cilindros, mas as válvulas e a tubulação. "Elas precisam ser testadas para verificar a atuação do limitador de vazamento. E se elas se arrebentarem?"
A Honda não aprova a adaptação. Gaspar Shoji, gerente-geral de serviços pós-venda, diz que a alteração "pode comprometer seriamente a segurança do usuário". Também é perdida a garantia das novas.
Andreotti, da MAT, diz que o protótipo ainda precisa ser aperfeiçoado. Do jeito que está, é desconfortável pilotar. A aceleração tem de ser forte e de uma vez só, e é preciso "queimar" a embreagem para sair do lugar. Depois que se pega o jeito, a moto até vai bem em velocidades médias e altas, mas fica difícil em baixas.
Quanto à estabilidade, o acréscimo dos 22 kg do kit parece não ter afetado o desempenho da moto. Como há um tanque de cada lado, o equilíbrio mantém-se em manobras no trânsito urbano.

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