São Paulo, domingo, 22 de junho de 2008

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Troca de óleo a vácuo é desprezada

Maioria das montadoras recomenda troca tradicional por permitir extração total de resíduos do cárter

DENISE RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Todo o mundo está careca de saber que a troca de óleo é condição essencial para a longevidade do motor. O que a maioria dos motoristas não consegue decidir -com exceção dos que lêem (e seguem) o manual do carro- é sobre o método mais adequado para fazer a troca.
É melhor recorrer à técnica convencional (gravitacional), que eleva o carro para escoar o óleo, abrindo o bujão do cárter? Ou deve-se optar pelo sistema a vácuo, que faz a drenagem por "cima" em quatro minutos? A sonda de sucção consegue tirar o óleo sujo do cárter?
"Não consegue", responde Ângelo Coelho, presidente do Sindifup (Sindicato da Indústria de Funilaria e Pintura do Estado de São Paulo). Na opinião dele, o método a vácuo é "prático para quem troca, mas terrível para o dono do carro".
Coelho diz ter ajudado a fazer o laudo de um motor fundido de um Chevrolet Corsa com 45 mil quilômetros por acúmulo de borra de óleo, que ele atribuiu aos resíduos deixados pela troca a vácuo. "O consumidor, que guardara as notas do serviço, conseguiu que o posto arcasse com os custos da retífica."
"A técnica a vácuo não pode ser responsabilizada por isso", contesta Zauri Candeo, presidente do Sindimotor (Sindicato de Remanufaturamento e Retífica de Motores do Estado de São Paulo). Segundo ele, mistura de óleos de composições diferentes (mineral com sintético) e combustível ruim ajuda na formação de borra.
Candeo afirma nunca ter enfrentado problema com a técnica. "Mas a máquina tem de ser operada por funcionário bem treinado, que verifique o nível de óleo retirado. Se é um motor com quatro cilindros, tem de sair quatro litros."
Diretor de segurança veicular da AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva), Harley Bueno reforça a defesa da técnica gravitacional: "O óleo lubrifica porque partes do motor têm atrito. Todo atrito provoca desgaste, gerando perda de metal. Ainda que microscópicos, os resíduos não são totalmente sugados".
Ele, no entanto, ressalta as vantagens da técnica de sucção: "É mais fácil, mais limpa, mais versátil". E dá a orientação que considera fundamental: "Mais importante que o método usado é trocar sempre o óleo quando chega a hora".

Fábricas
Entre as montadoras, a balança pende a favor da troca tradicional. A Volkswagen, por exemplo, não recomenda a troca por sucção pelo risco de que "porção significativa" de óleo usado fique no cárter. "Isso contamina o novo óleo e compromete gradativamente a vida útil do motor", disse por e-mail.
Pelo mesmo motivo, a Ford não oferece o método a vácuo em sua rede. "Na troca por cima, a vareta fica só num lugar e, se houver alguma sujeira depositada por decantação no fundo do cárter, ela não conseguirá sugá-la", argumenta Reinaldo Nascimbeni, engenheiro supervisor de serviços técnicos automotivos da Ford.
A General Motors diz que o método tradicional é "o procedimento correto para a troca de óleo do motor dos veículos Chevrolet". Para a Citroën, é procedimento internacional a troca de óleo, do filtro e do anel de vedação do bujão a cada 10 mil quilômetros, em condições normais de uso.
A Peugeot é a única categórica na defesa do método por sucção. "A sonda de extração do óleo chega bem próximo ao fundo do cárter, facilitando a drenagem por completo do óleo", afirma o coordenador técnico Marcelo Brandão.
Ele explica que o bujão de escoamento do cárter fica mais alto para que o processo a vácuo seja priorizado. Além disso, para a Peugeot, o método evita o contato do lubrificante com borracha, além de ser mais "saudável" ambientalmente.

Empate
A Mercedes-Benz oferece os dois sistemas e acredita que ambos cumprem a função. Mas alerta que, na troca por sucção, cada motor pede um ajuste de pressão diferente. "Se for usada a mesma pressão num sedã com motor 5.0 V8 e num Classe A 1.6, o resultado da troca não será o mesmo", ressalta a área técnica da montadora.
A Fiat também deixa o motorista livre. "A troca de óleo é necessária por causa de desgaste. Ao perder a viscosidade, deixa de funcionar em condições ideais", diz o assessor técnico Carlos Henrique Ferreira.
Ferreira avisa que a troca varia de acordo com as condições de uso. Assim, o dono de um carro novo que roda pouco pode esperar um ano ou 15 mil quilômetros, mas a metade se faz "uso severo" do motor: estradas de terra, trânsito urbano pesado, congestionamentos e trechos curtos percorridos.


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