|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Violência não atrapalha vendas de carros acima de R$ 90 mil
Estudo aponta um crescimento de 23%, mas ainda há motoristas que têm medo de dirigir um veículo ostensivo; dólar baixo também favorece comércio
GIOVANNY GEROLLA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Ser de luxo ou não ser. Essa
nem é a questão: muitas vezes,
quem pode ter um Porsche ou
um BMW opta por algo menos
ostensivo, como um sedã médio, para não arriscar o pescoço
no primeiro semáforo.
Mas isso não significa que os
carros "premium" deixem de
ser vendidos. Segundo estudos
da consultoria Roland Berger
Strategy Consultants, que considerou como carros de luxo
aqueles que custam mais de R$
90 mil, houve um aumento de
23% nas suas vendas em 2006.
Foram 4.126 unidades contra
3.350 em 2005. Mas ainda é
pouco: esses modelos significam 0,22% do volume total comercializado contra 10% em
países como Japão e Alemanha.
O diretor-presidente da
BMW do Brasil, Henning
Dornbusch, confirma as estatísticas: "Não vejo queda nas
vendas por causa de preocupações com segurança".
Ele diz que, contudo, a alta
carga tributária brasileira restringe alguns modelos. Dornbusch diz acreditar que o incremento das vendas esteja ligado
ao fortalecimento do real.
Assim, nem a BMW, nem a
Honda, que faz o Civic no país,
vêem os sedãs como concorrência para os "premium".
"Ninguém deixa de comprar
um carro da Ferrari: a questão é
de status", diz Alberto Pescumo, gerente-geral comercial da
Honda. "O Civic pode ter um
enfoque de luxo por agregar design e o painel em dois níveis."
Além disso, seu preço vai de
R$ 63 mil a R$ 82 mil, o que está
longe de ser um apelo popular.
A presidente da Booz Allen
Hamilton do Brasil, Letícia
Costa, também não vê carros
como o Corolla ou o Civic como
modelos luxuosos.
"De fato há uma grande preocupação com a segurança, mas
temos de contabilizar fatores
como a taxa de câmbio e o custo
de manutenção do importado."
A Toyota declarou à Folha
que o Corolla não compete com
carros de segmentos superiores. Segundo ela, há quem tenha o sedã para uso complementar ao de um "premium"
pelos equipamentos.
"Mesmo que haja medo de
seqüestro, todos gostariam de
ter um Jaguar ou um BMW",
ressalta Ruy Carlos Pires Barbosa, diretor da Autorede, especializada em seminovos.
"Com o aquecimento da economia, aumenta a demanda
por carros mais simples. Até há
pouco tempo, carros como o
Corolla não eram acessíveis."
Blindagem
Outro aspecto que faz com
que consumidores deixem de
lado o sonho de ter um superluxo são os custos da blindagem.
A Toyota informou que o Co-
rolla foi um dos carros mais
blindados em 2006, o que confirma seu uso pelo público A.
O empresário Marcelo La
Terza, 40, deixa sua Chevrolet
Zafira na garagem e, no dia-a-dia, prefere usar uma Fiat Strada, que é mais simples.
"Adoraria ter um importado,
mas, quando penso na tensão
por medo de ser seqüestrado e
nos custos adicionais de blindagem, acabo desistindo."
Texto Anterior: Classic, 12, supera Novatos: Chevrolet custa menos e tem seguro mais barato Próximo Texto: Frases Índice
|