São Paulo, domingo, 22 de julho de 2007

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Violência não atrapalha vendas de carros acima de R$ 90 mil

Estudo aponta um crescimento de 23%, mas ainda há motoristas que têm medo de dirigir um veículo ostensivo; dólar baixo também favorece comércio

GIOVANNY GEROLLA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ser de luxo ou não ser. Essa nem é a questão: muitas vezes, quem pode ter um Porsche ou um BMW opta por algo menos ostensivo, como um sedã médio, para não arriscar o pescoço no primeiro semáforo.
Mas isso não significa que os carros "premium" deixem de ser vendidos. Segundo estudos da consultoria Roland Berger Strategy Consultants, que considerou como carros de luxo aqueles que custam mais de R$ 90 mil, houve um aumento de 23% nas suas vendas em 2006.
Foram 4.126 unidades contra 3.350 em 2005. Mas ainda é pouco: esses modelos significam 0,22% do volume total comercializado contra 10% em países como Japão e Alemanha.
O diretor-presidente da BMW do Brasil, Henning Dornbusch, confirma as estatísticas: "Não vejo queda nas vendas por causa de preocupações com segurança".
Ele diz que, contudo, a alta carga tributária brasileira restringe alguns modelos. Dornbusch diz acreditar que o incremento das vendas esteja ligado ao fortalecimento do real.
Assim, nem a BMW, nem a Honda, que faz o Civic no país, vêem os sedãs como concorrência para os "premium".
"Ninguém deixa de comprar um carro da Ferrari: a questão é de status", diz Alberto Pescumo, gerente-geral comercial da Honda. "O Civic pode ter um enfoque de luxo por agregar design e o painel em dois níveis."
Além disso, seu preço vai de R$ 63 mil a R$ 82 mil, o que está longe de ser um apelo popular.
A presidente da Booz Allen Hamilton do Brasil, Letícia Costa, também não vê carros como o Corolla ou o Civic como modelos luxuosos.
"De fato há uma grande preocupação com a segurança, mas temos de contabilizar fatores como a taxa de câmbio e o custo de manutenção do importado."
A Toyota declarou à Folha que o Corolla não compete com carros de segmentos superiores. Segundo ela, há quem tenha o sedã para uso complementar ao de um "premium" pelos equipamentos.
"Mesmo que haja medo de seqüestro, todos gostariam de ter um Jaguar ou um BMW", ressalta Ruy Carlos Pires Barbosa, diretor da Autorede, especializada em seminovos.
"Com o aquecimento da economia, aumenta a demanda por carros mais simples. Até há pouco tempo, carros como o Corolla não eram acessíveis."

Blindagem
Outro aspecto que faz com que consumidores deixem de lado o sonho de ter um superluxo são os custos da blindagem. A Toyota informou que o Co- rolla foi um dos carros mais blindados em 2006, o que confirma seu uso pelo público A.
O empresário Marcelo La Terza, 40, deixa sua Chevrolet Zafira na garagem e, no dia-a-dia, prefere usar uma Fiat Strada, que é mais simples.
"Adoraria ter um importado, mas, quando penso na tensão por medo de ser seqüestrado e nos custos adicionais de blindagem, acabo desistindo."


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