São Paulo, domingo, 24 de fevereiro de 2008

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Filhos adotivos

Depois do fim da produção do A3 no PR, C30 concretiza sonho de "premium" por menos de R$ 90 mil; por mais que o dobro, há o BMW 130i M, agora com duas portas

Marcelo Justo/Folha Imagem
Só com duas portas, o C30 herdou a frente sisuda e os "ombros' laterais de Volvo maiores

FABIANO SEVERO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando o Audi A3 foi lançado no Brasil, há exatos dez anos, consumidores de carros nacionais viram a grande oportunidade de ingressar no mundo de automóveis "premium".
Só que, em meados de 2006, a Audi decidiu importar toda a sua gama, e a linha de montagem ficou para a Volkswagen fazer Golf e Fox. Assim, o A3 Sportback, com motor 1.6, custa R$ 115 mil. O paranaense deixou o mercado por R$ 90 mil.
Aos órfãos do A3 cá está, de novo, um carro "premium" por menos de R$ 100 mil. É o Volvo C30 2.0, que tenta convencer os ex-A3 com um "eu sou o A3 que você pode comprar".
"Entramos numa faixa que ficou abandonada desde 2006. Hoje o dono de A3 antigo tem dificuldade de trocá-lo pelo Sportback", observa Marcos Saade, diretor da Volvo Automóveis do Brasil.
Desde então, a Audi viu seus clientes noviços migrarem para o Toyota Corolla, o Honda Civic e companhia.
Segundo Saade, se o cliente considerar as variáveis racionais, comprará um Ford Fusion, e não o C30. "Ele [C30] tem duas portas, só leva quatro pessoas e quase nada no porta-malas. É compra emocional."
Além disso, o Fusion é mais barato. Custa R$ 83.620, enquanto o Volvo tem preço de R$ 89.933 -mas pode chegar a R$ 134,5 mil, dependendo do motor e do câmbio. Em tempo: a Volvo pertence à Ford.
Mas a Volvo parece ter lido "A Chave do Sucesso" (CB News Editora, 2004, R$ 150), livro que decifra o êxito "cult" da Audi no Brasil, onde conseguiu uma imagem de luxo que não tinha nem na Alemanha.
Hoje o C30 já corresponde a mais da metade das vendas da marca aqui -em janeiro, dos 81 Volvo vendidos, 47 eram C30.

Cheiro de Focus
Outro capítulo: o C30 copiou do A3 o compartilhamento de plataforma e motores com os "primos" menores. O Audi usava partes do Golf, e o C30 as "rouba" da segunda geração do Focus europeu -o Focus daqui ainda está na primeira.
O C30 usa o motor Duratec 2.0 16V. Tem 145 cv (cavalos) e, com 1.327 kg, "sobra chassi" -gíria de pilotos para carros com bom acerto de suspensão e freios, mas com motor fraco.
No teste Folha-Mauá, o C30 levou 10,24s para chegar a 100 km/h. Com 180 cv, o A3, testado em maio de 2000, precisou de 7,2s, ou 0,3s a menos do que o BMW 130i M e seus 265 cv.
Dinamicamente, o 130i está um (talvez dois) degrau acima -até do A3 Sportback. Vale R$ 206,7 mil e traz motor 3.0 com seis cilindros em linha.
Custa mais que o dobro do preço do Volvo, é verdade, mas oferece o triplo de emoção. A começar pela direção rápida o suficiente para ler as reações do asfalto -e as do motorista.
No 130i, que pesa 1.410 kg, a tração traseira dá mais equilíbrio. No C30, são mais comuns as saídas de frente, característica de um carro com motor e tração dianteiros.
O preço maior do 130i também deixa o condutor mais tranqüilo. Caso o carro saia da trajetória -o que dificilmente acontecerá-, entrarão em ação o DTC (controle de estabilidade) e o CBC (controle de frenagem em curvas), ausentes no mais barato dos Volvo.


Os carros foram cedidos para teste pelas montadoras

INSTITUTO MAUÁ DE TECNOLOGIA
www.maua.br
0/xx/11/4239-3092



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