São Paulo, domingo, 24 de outubro de 2010

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Bebê da Bugatti

Folha revela, com exclusividade, detalhes do carro mais caro do Salão de SP, que é manuseado com luvas de veludo para não arranhar o couro e o alumínio

Fotos João Brito/Folhapress
Veyron custa R$ 8milhões e tem motor W16 quadriturbo de 1.001 cv

FABIANO SEVERO
EDITOR-ASSISTENTE DE VEÍCULOS

Em uma revenda de luxo em São Paulo, uma capa verde escondia, anteontem, o carro mais caro do Salão do Automóvel, que abre ao público na quarta-feira.
Perto dali, mecânicos, em hora de almoço, disputam uma partida de pebolim sem desconfiar que o carro misterioso custa R$ 8 milhões.
Uma brecha na capa deixa à mostra um escrito: 16.4. Quer dizer 16 cilindros em "W" e quatro turbos. Só um carro no mundo podia exagerar tanto: o Bugatti Veyron.
Pela primeira vez ele vem ao Brasil e traz os seus 1.001 cv. Traz também Edward Klein, técnico da Bugatti enviado só para cuidar do carro e para garantir que ele chegará são e salvo ao Anhembi.
À tiracolo, Klein carrega o "kit extravagância": há alguns pares de luvas brancas de veludo ou plástico para encostar em diferentes materiais do veículo (couro, alumínio, aço, fibra de carbono).
"Tudo para não danificar o carro", conta Klein, que usa uma roupa toda preta de algodão e sem anéis, cordões ou relógio. Na fivela do cinto, há uma cobertura de couro, também para evitar riscos.
O Bugatti chegou ao país de avião e foi levado para a revenda por um reboque especial. Afinal, o "spoiler" dianteiro do Veyron varia de 6 cm a 12 cm do chão e não topa qualquer plataforma.
Cuidados de um carro que acha que virou o avião. Chega a 407 km/h, segundo a fábrica, e vem com uma caixa-preta. Todas as informações do Veyron ficam armazenadas em um minicomputador, guardado no porta-luvas todo forrado de alcântara.

15 CARROS E O VEYRON
"Há como monitorar velocidade, rotação do motor e até calibragem dos pneus", afirma o técnico, enquanto mostra um gráfico com as potências do motor usadas para manobrar o superesportivo.
No programa, dá também para a montadora prestar assistência à distância via GPS.
"Já aconteceu de falarmos para o cliente: "Abasteça, vai acabar a gasolina'", conta Klein, depois de ouvir que o Veyron estava engasgando.
Ou ainda: "Gire a chave até o final e aperte o "start", no console". O dono reclamava que o carro não ligava.
Segundo John Hill, diretor de vendas da Bugatti, esses donos de Veyron têm, no mínimo, 15 carros na garagem, entre Ferrari, Porsche, Lamborghini e outros.
Exagerado? Pois saiba que, além dos quatro turbos, o Veyron tem seis radiadores -dois para o ar-condicionado e quatro para o motor.
Os pneus traseiros têm 365 mm de largura e esfarelam após 15 minutos na velocidade máxima (407 km/h).
"O plano é vender um ou dois Bugatti por ano", diz. A princípio, a marca trará o Grand Sport, com teto de vidro removível. O Super Sport, lançado neste mês em Paris, só virá sob encomenda. Ele é ainda mais caro e veloz que o Veyron. Vai a 431 km/h. Aí já é outra história...


Próximo Texto: Números do Veyron
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.