No Salão de Pequim, carros ocidentais miram chineses, que estão de olho no Brasil

GTO, modelo de rua mais rápido da marca

Associated Press

A Ford apresentou o conceito Start, compacto que tem sistemas eletrônicos interativos e motor 1.0 com baixa emissão de poluentes

RICARDO RIBEIRO
ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM

Entre guindastes e estruturas de concreto, não há como não se assustar com o crescimento acelerado da capital da China. Ágeis também são as mudanças na economia -todo o mundo olha para os chineses.
Agora, a China está de olho no mundo, tanto como "inspiração" para fazer carros como para escolher novos mercados para exportá-los. As novidades estão na 11ª edição do Salão do Automóvel de Pequim, que abre hoje, com 89 lançamentos.
Montadoras ocidentais apresentaram modelos para o público chinês. Ford, GM e Volkswagen, com vendas em baixa em mercados tradicionais, querem sua fatia dos 15 milhões de carros que devem ser vendidos na China neste ano.
Em 2009, os chineses emplacaram 13,7 milhões de veículos, ultrapassando os EUA como o maior mercado do mundo. Marcas nacionais abocanham 50% desse volume -em 2004 tinham 20%. Agora, querem ampliar as exportações.
Como o mercado está saturado nos EUA e no Japão, elas buscam ampliar vendas para Sudeste Asiático, Oriente Médio e América do Sul. O Brasil deve receber, nos próximos meses, boa parte das novidades chinesas que estão no salão.

Passaporte para o Brasil
A Chery trará, em maio, o Face. Depois virão versões hatch e sedã do Cielo -A3 na China-, e, em agosto, o compacto QQ. A novidade, o sedã G5, com motor turbo e injeção direta de combustível, ficará para 2011.
"Introduziremos motores bicombustíveis em nossa linha no final do ano, inicialmente com um 1.3 no Face" afirmou Zhou Biren, vice-presidente mundial da Chery.
Ele também confirmou a intenção de abrir uma fábrica no Brasil, de onde exportaria para países do Mercosul.
A montadora JAC começará a exportar seus carros para o Brasil no ano que vem. Os três primeiros a chegar serão o compacto J3, o sedã J5 e a minivan J6. "Esperamos vender 35 mil unidades no primeiro ano", diz David Zhang, diretor de operações internacionais.
Entre os ocidentais, a Ferrari 599 GTO foi apresentada oficialmente. É o carro de rua mais rápido da marca, com motor V12 6.0 (670 cv). Mais veloz, só o comprador. Antes de chegarem a Pequim, 599 unidades disponíveis foram vendidas.
Se depender dos chineses que esticavam o olho no estande, nem a da vitrine deve sobrar. Afinal, se Mao Tse-Tung já estampa reloginhos vendidos na praça da Paz Celestial, os camaradas também podem andar em carros de luxo ocidentais.