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São Paulo, domingo, 25 de maio de 2003

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PRA CÁ DE BAGDÁ

Jornalistas da Folha avaliam jipe em que pegaram carona no Complexo Presidencial de Saddam Hussein

Repórter de guerra reencontra Humvee

Juca Varella/Folha Imagem
Humvee atravessa área alagada durante avaliação


SÉRGIO DÁVILA
DA REPORTAGEM LOCAL

Da primeira e única vez em que eu e o repórter fotográfico Juca Varella andamos num High Mobility Multi-Purpose Wheeled Vehicle, conhecido pela sigla HMMWV, mas popularizado pelo apelido Humvee, estávamos na alameda principal do Complexo Presidencial de Saddam Hussein.
Foi em abril, em Bagdá, durante a guerra do Iraque. A cidade já tinha caído e virado terra de ninguém, e um dos lugares mais cobiçados pelos jornalistas era justamente o equivalente à Casa Branca do ex-ditador.
Naquele dia, nós conseguimos burlar a barreira dos marines à área simplesmente falando que éramos brasileiros -depois de brecar todos os nossos colegas e nos mandar embora, numa segunda tentativa o tenente local se revelou um apreciador de pernambucanas, e o resultado é que só nós entramos no complexo.
Horas e quilômetros depois, após visitarmos a pé uma dezena de prédios e palácios, num calor de 40 graus, sem água e carregando no corpo os 15 quilos do colete e do capacete à prova de balas, resolvemos sentar no meio-fio e esperar que algo acontecesse.

Sinal da carona
Foi quando virou um Humvee marrom-claro, versão usada pelo Exército americano para operações no deserto, com metralhadora externa. Trazia dois fuzileiros. Fizemos o sinal universal da carona. Eles pararam.
Já empoleirados nos dois bancos de trás, recebendo um mínimo vento pela mínima abertura da janela enquanto o tenente dava velocidade máxima, eu e Juca pensamos que a vida até que era boa. E foi a última vez que ouvi falar daquele tipo de veículo.
Até que Veículos nos convidou para avaliar um Humvee que descansava na garagem de uma fábrica de blindagem paulista, em Barueri (SP). Aceitamos o desafio e fomos levados até um barro no meio do nada, em Alphaville.

Ao volante
Ali, tirei o recalque de anos e anos de moleque obrigado a dirigir de maneira bem-comportada, respeitando as regras do trânsito:
 
Subi paredes de terra de quase 45 de inclinação sem que os 195 cavalos do motor turbodiesel V8 do bichão desse qualquer sinal de fraqueza, enquanto Juca tentava fotografar a manobra toda;
 
Juca passou por um lamaçal de quase meio metro de profundidade a 60 km/h sem que o veículo nem sequer engasgasse;
 
Fizemos manobras literalmente sobre pedras, e até a cadeira velha que dava sopa no meio da trilha foi atropelada sem pena.
 
Saímos de lá com vontade de invadir, se não um país, pelo menos o terreno do vizinho, só para continuar testando o monstro...


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