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peças & acessórios
Capacete usado tem cem vezes mais bactérias que novo
Teste exclusivo mostra que agentes podem causar alergia e irritação; acessório deve ser lavado todo mês
ROSANGELA DE MOURA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O capacete é um acessório
que deve ser tratado como uma
roupa íntima: é preciso ser lavado e não deve ser emprestado
para outras pessoas.
A Folha, em parceria com o
laboratório Controbio, avaliou
seis capacetes, sendo um novo
e outros cinco com um, dois,
três, quatro e cinco anos de uso
(este é o prazo de troca sugerido pelos fabricantes).
A ideia foi detectar o acúmulo de fungos e bactérias nesse
acessório de proteção.
A coleta obedeceu ao método
Swab (feito com um tipo de cotonete grande) em uma área
externa de dez centímetros e
em três regiões internas: na viseira, próximo à queixeira e no
forro superior do capacete.
Para a surpresa de todos, o
capacete com apenas um ano
de uso teve a maior concentração de fungos e bactérias.
O dono, o motociclista Adeilton de Oliveira, 38, confessou
que o capacete nunca havia sido lavado. "Tenho dois modelos de uso diário, e esse é o que
costumo emprestar para os
passageiros, mas nunca tive a
preocupação de retirar a forração para lavá-la", conta.
Alergia
O capacete mais infestado de
bactérias tinha 1.100 ufc (unidades formadoras de colônia)/
dm2 de Basillus sp e Staphilococcus sp e aureus na viseira.
No capacete novo, esse número
caiu para só 8 ufc/dm2 de Basillus sp e Staphilococcus aureus.
O mesmo ocorreu na pesquisa de fungos. O capacete novo
teve 1 ufc/dm2 de Aspergillus sp
na viseira. No capacete com um
ano, encontraram-se 120 ufc/
dm2 de Cladosporium sp, Mycelia sterilia e Verticillius.
Maria José Silveira, diretora
de microbiologia do Controbio,
afirma que "a grande concentração de fungos [bolores e leveduras] pode provocar irritação nos olhos e nas mucosas do
nariz e da boca, além de problemas respiratórios, como bronquite e alergia".
A microbióloga explica ainda
que a alta umidade e a temperatura do capacete favorecem a
proliferação de fungos e bactérias, que podem até gerar microtoxinas cancerígenas.
"Mas a higienização e a exposição ao sol podem reduzir os
micro-organismos internos",
afirma Silveira.
A maioria das bactérias detectadas no teste fazem parte
do nosso próprio organismo e
não causa problema. Só o desequilíbrio na proporção de fungos e bactérias, como no capacete infestado, pode causar dano à saúde, dependendo da
imunidade do dono e do tempo
de exposição aos agentes.
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