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Dedo-duro
Novo serviço de rastreamento ajuda pais a monitorar o carro dos filhos e levanta discussão sobre a invasão de privacidade dos jovens
FELIPE NÓBREGA
DE SÃO PAULO
Criado para rastrear cargas, o sistema de monitoramento se populariza em outra direção. Novo serviço de
rastreamento permite que os
pais acompanhem, pelo laptop ou pelo celular, a movimentação do carro do filho
em tempo real, e não só pela
central de atendimento.
O medo de sequestro e o
barateamento do seguro em
até 15% são as justificativas
para adotar o rastreador. Só o
dono do veículo pode autorizar a instalação do acessório.
Ele custa cerca de R$ 800
(pode ser transferido para
outro carro). A mensalidade
parte de R$ 40 e encarece
com serviço personalizado.
"A mãe, por exemplo, pode ser avisada quando o carro do filho ultrapassa 100
km/h com o limpador de para-brisa ligado [indício de
chuva]", exemplifica José
Melo, diretor da Car System,
uma das líderes do mercado.
Mas o fato de o aparelho
delatar cada passo do jovem,
como itinerário e tempo de
parada, cria resistências. Por
isso há pais que o colocam
sem o conhecimento do filho.
Segundo empresas de monitoramento, isso ocorre em
casos "extremos", como a
suspeita do uso do automóvel para comprar drogas.
Roberto Zapotoczny Costa,
especialista em segurança
pessoal, diz que o monitoramento protege apenas o motorista que sabe utilizá-lo.
Seu diferencial é o botão
de pânico, que alerta o responsável pelo celular.
"Graças ao botão de pânico avisei à minha família e à
central de monitoramento
que eu estava em perigo", diz
Renato Fernandes, 25, vítima
de sequestro relâmpago na
porta da faculdade.
"Meu pai solicitou uma escolta à paisana e deixaram a
polícia de sobreaviso", relata. Para ele, a sensação de
proteção hoje é melhor do
que a perda de privacidade.
A psicóloga e colunista da
Folha Rosely Sayão é contra
o monitoramento. "Se o jovem não tem maturidade,
melhor não permitir que ele
dirija, até porque a tecnologia não tira a responsabilidade dos pais sobre os filhos."
Já o Denatran quer obrigar
os carros novos a virem com
localizador. O Ministério Público Federal, inicialmente,
vetou, argumentando que
trata-se de uma "ofensa ao
direito de privacidade".
ADULTÉRIO
A Gristec (associação das
empresas de rastreamento)
estima que 1,5 milhão de automóveis no Brasil já sejam
monitorados -3% da frota.
Parte desses carros são
rastreados por suspeitas de
adultério. "A mulher pode,
por exemplo, visualizar no
computador se o carro do
marido está dentro de um
motel", explica o detetive
Maurício Barbosa, que cobra
R$ 2.000 por 15 dias de rastreador e de escuta no carro.
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