Com cara imponente e interior de sedã, Mitsubishi Pajero tenta ser Land Rover, até nas altas emissões de CO2

Com tração 4x4 e sete lugares, utilitário atravessa terrenos difíceis, mas na cidade é lento para acelerar

Fotos João Brito/Folhapress

Dakar pesa 2.105 kg e sobrecarrega motor 3.2 de 165 cv

TESTE FOLHA-MAUÁ

RICARDO RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Lama não combina com luxo, mas a Mitsubishi aposta nesse paradoxo em seu mais novo utilitário. O Pajero Dakar é um misto de rali e shopping Iguatemi.
A grade, como a da Triton, e os enormes pneus 265/65 R17 conferem imponência ao carro, mas sua força está mesmo sob a carroceria.
O motor a diesel 3.2 gera 165 cv, mas sofre com as mais de duas toneladas do veículo. O Pajero Dakar precisa de 14s para chegar a 100 km/h, aponta o teste Folha-Mauá. É o mesmo tempo do VW Gol 1.0, testado em maio.
O torque de 38,1 kgfm, porém, disponível a 2.000 rpm, ajuda a encarar subidas.
A suspensão alta e o vão livre generoso deixam claras as vocações "off-road". Durante o teste, o Pajero Dakar enfrentou inclinações laterais de 45 e terrenos esburacados sem raspar embaixo.
O câmbio automático tem trocas suaves e se adapta ao estilo de condução do motorista. Peca por não ter uma quinta marcha. Em velocidade de cruzeiro, o giro sobe e o motor parece pedir mais.
O motorista pode alternar do 4x2 ao 4x4 bloqueado e com reduzida. É o suficiente para cruzar trechos de baixa aderência, como lama e areia, com facilidade.
Algumas combinações são feitas em movimento (até 100 km/h). Só não espere os suaves controles de um Land Rover Discovery 4. O motorista precisa lidar com os engates duros de uma alavanca manual e, às vezes, imprecisa.

POLUIDOR
Do jipão inglês, o Dakar tem apenas o alto índice de emissão de CO2: 264 g/km -é marca de carro de 500 cv.
A direção hidráulica é eficiente, e o raio de giro de 5,6 metros facilita manobras urbanas ou em trilhas.
Diferentemente de outros modelos da marca, que têm carroceria monobloco, o Pajero Dakar tem a cabine montada sobre o chassi, por isso absorve melhor os impactos. A suspensão traz eficiente relação entre maciez e firmeza.
O motor é silencioso, gera baixa trepidação e baixo nível de ruído ao rodar, mesmo sendo um bloco a diesel.
Na prática, o utilitário é mais confortável que muitos sedãs. Mérito também do acabamento interno requintado e dos bancos de couro.
O entre-eixos de 2,8 m permite levar sete pessoas, mas esqueça a bagagem. Usando as três fileiras de bancos, a capacidade do porta-malas cai para nível de subcompacto: 115 litros.
O Dakar custa R$ 155 mil -R$ 8.500 a menos que um Toyota Hilux SW4 3.0 a diesel. Com motor V6, o Land Rover Discovery 4 oferece mais que o Dakar, mas cobra caro (R$ 215 mil).