COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Levantamento feito pela Folha em 30 revendas autorizadas de São Paulo neste mês revela que a primeira revisão dos nove hatchs mais baratos do país custa de R$ 82 (Renault Clio) a R$ 180 (VW Fox) -uma variação de 120%. Na segunda revisão, a variação é de 627%. Em algumas concessionárias da Chevrolet, há primeiras revisões grátis para Celta e Corsa. Quinze mil quilômetros depois, porém, a surpresa é grande: a segunda revisão é, em média, 137% mais cara do que nas lojas das outras montadoras (Fiat, Ford, Renault e VW). A conta sai por até R$ 800. Uma simples troca de óleo de modelos com motor 1.0 também tem diferenças significativas. Enquanto um litro de óleo do Celta custa R$ 8, o do Fox sai por R$ 32. Como são necessários quatro litros por troca, a diferença fica em R$ 96. Mas, se esse mesmo dono de Celta se envolver em um acidente de trânsito e precisar trocar o espelho retrovisor do lado do motorista, vai ter de pagar R$ 311 pela peça. Já o proprietário de um Ford Ka precisa desembolsar só R$ 57. Cada montadora tem um plano para revisão periódica. Em geral, a primeira revisão ocorre a cada seis meses ou 10 mil quilômetros, o que vier primeiro (ou ainda após um ano ou 15 mil quilômetros). Qualquer peça trocada ou incorporada ao veículo fora dos locais autorizados pode levar à perda da garantia de fábrica. Na primeira revisão, basicamente o carro passa por uma vistoria técnica e são trocados filtros e óleo do motor. É a partir da segunda revisão, dependendo de quanto o carro roda, que o dono terá noção de quanto custará manter o modelo. Antônio Gaspar de Oliveira, diretor técnico do Sindirepa (sindicato dos reparadores), diz que 98% dos veículos são adquiridos emocionalmente, pela satisfação de ter o modelo. "Quando descobrem o quanto vão pagar, por exemplo, para trocar o óleo, ficam revoltados. Ninguém imagina, antes de comprar um [Toyota] Corolla, que vai ter de gastar mais de R$ 300 só para trocar o óleo do motor", comenta Oliveira. Segundo o diretor do sindicato, os modelos "populares" não têm nada de popular na manutenção. "Os donos de um Astra 1.8 e de um Corsa 1.0 [ambos da Chevrolet] praticamente têm o mesmo gasto quando vão substituir peças como bomba de combustível, óleo ou filtro do motor", diz.

Três é bom
Em caso de defeito, a recomendação de Álvaro Pinheiro, supervisor técnico da rede de serviços automotivos Midas, é levar o carro à revenda no primeiro ano para identificar por que o problema apareceu. Se o defeito não estiver coberto pela garantia, ele recomenda pesquisar o preço em ao menos três locais. "O preço não deve ser o principal na decisão do conserto, e sim o serviço que o mecânico vai realizar." Outra dica é adquirir peças da marca fornecida pela montadora e exigir a peça danificada de volta. Isso ajuda a ter certeza que a troca foi feita e, em último caso, permite perícia.