São Paulo, domingo, 29 de junho de 2008

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Mágica no shopping

Estacionamentos dificultam a vida de motoristas; vaga deve ter no mínimo 2 m x 4,2 m

RICARDO RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Encontrar uma vaga livre num shopping center é um desafio. Em São Paulo, onde há mais de 6 milhões de veículos, a tarefa é ainda mais complicada. E nem sempre o espaço nas vagas é suficiente para o carro -isso quando o motorista consegue subir a rampa de acesso.
Quanto maior o carro, maior o problema. Para o empresário Marcos Paulo de Andrade, 36, que tem um Audi Q7, o passeio acaba virando sofrimento. "Já é difícil encontrar uma vaga. Para meu carro, então, é quase impossível. Pouca gente se lembra desses modelos quando constrói um estacionamento."
Em meio a tanto aperto, até donos de compactos enfrentam problemas. "Quando vi, já tinha raspado na parede", lamenta a estudante Juliana Pinheiro, 23, dona de um Fiat Palio.
O número de vagas e o tamanho delas são estabelecidos pelo uso -shopping é "uso coletivo". O COE (Código de Obras e Edificações) separa metade da garagem para os carros pequenos. Outros 45% são reservados para os médios; 5%, para grandes. Deficientes físicos têm direito a 3% das vagas.
A Abrasce (Associação Brasileira de Shoppings Centers) não tem registro de quantos acidentes acontecem nos estabelecimentos associados.
Mas Roberto de Oliveira, 38, que trabalha no estacionamento de um shopping -mas pede para que o nome não seja divulgado-, afirma que é comum encontrar marcas nas paredes. "Um em cada dez carros acaba raspando ao manobrar para entrar na vaga ou na rampa."
Segundo Nabil Georges Bonduki, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, quando há mais espaço destinado à garagem, é do responsável pelo projeto a decisão de aumentar o tamanho das vagas ou sua quantidade.
"A tendência é aumentar o número de vagas porque os proprietários querem tirar o máximo proveito possível dos estacionamentos."
Em relação à distância entre as vagas, não há um mínimo obrigatório. O COE afirma que deve haver espaço suficiente para o veículo e para a saída do motorista. Mas quem tem marcas nas laterais do carro discorda. "Você sai cheia de sacolas, não consegue passar e, na hora de entrar, sempre bate a porta no carro ao lado", reclama a jornalista Gisleine Caron, 42.

Aeroporto
Não são só as vagas que causam dor de cabeça. Em muitos shoppings, a aventura está ainda na rampa de acesso do estacionamento, com subidas em caracol, pistas estreitas e inclinações que exigem muito do carro e do motorista.
"Não conseguia passar da metade. Tentei de tudo, mas meu carro [Ford Fiesta] descia. Sorte que não havia outros atrás", narra a professora Patrícia Fernandes Gomes, 26, quando tentou entrar no shopping Metrô Santa Cruz.
A inclinação e a largura das rampas de acesso também dependem do COE. Em geral, a inclinação máxima é de 20% quando o estacionamento é usado por veículos leves.
Inclinações mais elevadas são permitidas se acompanhadas de soluções técnicas. Um dos recursos é fazer pequenas ranhuras nas rampas, semelhantes às usadas na pista do aeroporto de Congonhas.
O concreto irregular, que dá mais atrito, ajuda a "empurrar" o carro para cima.



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