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Sem documento
Não ser dono legal de um carro traz risco a compradores e vendedores
DA REPORTAGEM LOCAL
É preciso muito cuidado ao
vender um carro e ao comprar
um usado. Muitas vezes, a documentação não é transferida,
o que pode levar o motorista a
ter de pagar uma multa que não
recebeu ou ser acusado de um
atropelamento mesmo estando
a quilômetros do acidente.
Segundo o Procon-SP (Fundação de Proteção e Defesa do
Consumidor), foram registradas, no primeiro semestre de
2006, 62 reclamações contra
revendas em relação ao documento, contra 110 sobre automóveis com defeito. Em todo o
ano passado, foram 108 queixas
relacionadas à documentação.
O analista de sistemas Maurício Abachioni, 30, sofre, há 18
meses, com o problema. Quando comprou um Fiat Mille
2004, a revenda Da Vinci Carrão (Fiat) teria ficado responsável por pagar a transferência
e o IPVA (imposto sobre a propriedade de veículos). Com o
carro no nome de outra pessoa,
não tinha como honrar gastos
como o do licenciamento.
Mas o pior estava por vir: bateram em seu Mille, e ele precisou assumir a culpa. "Com tudo
atrasado, meu carro seria
apreendido. Não tinha como fazer o boletim de ocorrência."
O ex-dono do Mille também
tem motivos para se preocupar,
já que o atual foi multado oito
vezes. É ele que recebe os pontos. "Nesse caso, quem vendeu
deve recorrer ao Detran-SP
[Departamento Estadual de
Trânsito de São Paulo] com um
recibo da loja provando que o
veículo já não era mais seu na
data das infrações", explica
Cyro Vidal, 66, presidente da
comissão de estudos sobre o direito do trânsito da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
"A lei prevê um prazo de 30
dias para que o veículo seja
transferido. Em caso de envolvimento criminal, o dono precisa apresentar a cópia do recibo de venda para se defender."
Multa em domicílio
Rafael Alvez, 24, gerente de
conteúdo de um site, só descobriu que seu Fiat Palio 2003 estava em seu nome quando recebeu uma multa em casa. "A Da
Vinci Pinheiros falava que cobrava as multas do ex-dono."
Mas a prática é ilegal: "A loja é
responsável pelos débitos", diz
Marcia Christina Oliveira, 47,
técnica de defesa do Procon.
Para a química Cristiane
Chaves, 26, pagar o IPVA deste
ano do Ford Focus 2004 que
comprou na Ford Frei Caneca
não era certo. "Ele não tinha sido transferido, portanto não
era meu. Não paguei", conta
Chaves, que adquiriu um carro
com placa do Distrito Federal.
Ter só um acordo verbal foi o
problema do professor Oziel
Moreira Neto, 31, que deu sua
Dodge Dakota financiada como
entrada num Peugeot 406 na
independente AutoBann. "Paguei R$ 475 pela transferência,
mas tive de brigar para fazerem
o licenciamento no nome do
antigo dono."
(GERSON CAMPOS)
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