São Paulo, domingo, 30 de agosto de 2009

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Aos trancos e barrancos

Teste exclusivo mede a aceleração longitudinal e o desconforto dos carros automatizados, que exigem adaptação e boa vontade

Fotos Fred Chalub/Folha Imagem
Automatizados, Palio (1º na fila), Polo (2º) e Meriva (3º) dão solavancos ao trocar de marcha, cada um à sua maneira; o Astra (4º) manual e o 207 (5º e último) automático servem de parâmetro

FELIPE NÓBREGA
DA REPORTAGEM LOCAL

A moça da rádio de trânsito anuncia tarde chuvosa e tráfego lento em toda a marginal Tietê. Nenhuma novidade para quem está ali, engarrafado.
Guiando um Chevrolet Astra (R$ 45 mil), o passatempo é contar quantas trocas de marcha o motorista faz ao longo dos 25 quilômetros entre Alphaville e o centro de São Paulo.
No fim de uma "viagem" de uma hora, o resultado: a alavanca do câmbio é acionada 350 vezes, segundo estimativas de trânsito. Fadiga até quem não empurra o pedal da embreagem a cada anda e para.
Por isso, a novidade da indústria são os câmbios automatizados -caixas manuais que, por meio de sensores no motor e no acelerador, trocam as cinco marchas automaticamente.
Só que, para aposentar o pedal da embreagem e esquecer a alavanca do câmbio, o motorista do Fiat Palio 1.8 Dualogic (R$ 37.230) e o do Volkswagen Polo 1.6 I-Motion (R$ 42.580), lançados neste mês para concorrer com a Chevrolet Meriva 1.8 Easytronic (R$ 46.292), precisam ter a cabeça feita. Feita para suportar pequenos trancos a cada mudança de marcha. Tudo para custar "só" R$ 2.500, a metade de um câmbio automático convencional.

Schummy
Mas vale a pena? Quem vai dizer é Schummy, aquele cachorrinho vendido no sinal que tem o pescoço mole -como o do ex-piloto alemão, que não pode mais andar de Fórmula 1.
Os dois caninos -Schummy também convidou seu fiel escudeiro, o Rubinho- balançam bastante a cabeça a cada troca de marcha, principalmente entre a primeira e a segunda.
Por isso, o Peugeot 207 1.6 XS (R$ 47,1 mil), com câmbio automático tradicional, entra nesse comparativo: baliza os intervalos de marcha e dá trégua às cabeças dos pobres cachorrinhos.
Não será, porém, um brinquedinho comprado por R$ 1,50 cada um na rua 25 de Março (centro) que apontará o carro com o mais eficiente sistema automatizado do país.
A Folha, em parceria com o Instituto Mauá de Tecnologia, submeteu os cinco carros -o Astra também entrou na roda- a um teste inédito e exclusivo de aceleração longitudinal.
Na pista de testes, sensores eletrônicos presos aos carros medem a força gravitacional exercida sobre o motorista. Em outras palavras, é a pressão do corpo contra o encosto nas provas de aceleração.
Ao trocar a marcha, o carro automatizado desacelera e projeta o corpo do motorista para frente, como um joão-bobo. Isso causa desconforto principalmente para quem já se acostumou a carros automáticos.
Nas medições, é nítida a superioridade do 207 Automatic, assim como o baita tranco provocado pelo câmbio manual do Astra. No pelotão intermediário, resta saber qual dos três automatizados é o melhor (ou menos pior) do Brasil.


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