Com o mesmo motor "verde" do VW Tiguan, Q5 é 65% mais caro que o "primo"

DO ENVIADO ESPECIAL A CAMPINAS

Uma base militar foi o local escolhido pela Audi para o lançamento do Q5. Difícil não associar o cenário bélico à guerra que a montadora alemã quer provocar no segmento dos utilitários esportivos de luxo, principalmente contra o Mercedes GLK e o BMW X3, que custam a partir de R$ 225 mil.
Mas o primeiro contra-ataque veio do olhar desconfiado de um soldado do exército que dirigia um Land Rover Defender camuflado. O militar passava justamente na hora em que o Q5 entrava na pista de teste "off-road" para ser avaliado por jornalistas e por potenciais compradores.
Entre os obstáculos, havia depressões, curvas de nível e um barranco de aproximadamente cinco metros de altura que só um veículo com suspensão elevada e tração nas quatro rodas poderia superar.
Se estivessem lá, trilheiros diriam que um jipe Willis passaria por tudo aquilo até sem uma das rodas. Só não diriam que a dor nas costas devido à falta de conforto seria brinde.
Mas talvez o soldado esti- vesse vagando sobre outro tema: quem compra um Q5 de R$ 206 mil para fazer enduro? Quase ninguém, afirma Paulo Sérgio Kakinoff, presidente da marca no Brasil.
"Pesquisas indicam que apenas 5% dos donos de utilitários de luxo acabam colocando seus carros no uso fora-de-estrada. A maioria, no entanto, valoriza esse aspecto de valentia", diz.
Além de desapego, para enfiar na lama o Q5 2.0 turbo (211 cv) -há também a versão 3.2 V6 (265 cv)- é preciso apertar o botão "off-road" no console.
Assim, a suspensão reconhece o tipo de piso (areia, brita ou cascalho), e o sistema de tração integral do carro é maximizado.
Outro botão aciona o controle para descidas íngremes, que até freia o Q5 sozinho em velocidades abaixo de 30 km/h.
É tanta eletrônica que o jipe alemão deveria vir com manual de instrução e um pré-adolescente para explicar como operar a infinidade de funções do computador de bordo. (FN)