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Test-drive prevê amor pelo carro
Serviço permite conferir se opção emocional do cliente é a melhor
Renato Stockler/Folha Imagem
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Márcio de Almeida reclama do percurso reduzido do test-drive que o levou a comprar uma Meriva |
DEISE DE OLIVEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Quem experimenta compra:
80% dos clientes que fazem um
test-drive levam o carro para
sua garagem. Mas como uma
volta no quarteirão -em geral,
não passa disso- pode ser tão
decisiva? Para especialistas, a
compra é decidida por aspectos
emocionais, mas o test-drive
permite conferir qual é a opção
que melhor atende as necessidades do consumidor.
"O test-drive emociona o
consumidor ainda mais se ele
encontra o que busca", diz Sérgio Reze, presidente da Fenabrave (Federação Nacional da
Distribuição de Veículos Automotores). Para Edson Esteves,
coordenador de engenharia
mecânica automobilística do
Centro Universitário da FEI, é
a oportunidade de confrontar a
imagem do carro com o que ele
realmente oferece.
Maria Carolina Garcia, 31, está de carro novo há menos de
um mês. Para chegar lá, traçou
o perfil do seu objeto de desejo
e fez uma lista de modelos com
os quais simpatizava. Buscou
informações em publicações
especializadas e a opinião de
proprietários na internet. Visitou lojas de quatro marcas e fez
test-drive em duas.
"O Honda Fit apresentou a
melhor relação custo/benefício, ele veio completo. O fato de
ser confortável e ter acabamento superior ao dos concorrentes também foi determinante."
Ao projetar um carro, diz Esteves, as montadoras consideram quatro aspectos: segurança, durabilidade, acabamento e
conforto. "O objetivo é atingir a
melhor relação custo/benefício. É interessante que o consumidor verifique se esses quesitos estão bem atendidos."
O test-drive deve mirar todos
os detalhes que possam interferir no sucesso da relação. "A
emoção impede que se olhe
além, mas a excitação tem prazo de validade. Há quem estabeleça uma relação de ódio com
o carro na primeira troca de
pneu", alerta César Urnhani,
piloto de provas da Pirelli.
Ter parâmetros é fundamental. Até mesmo o carro atual pode ajudar. "Tudo o que é novo
parece melhor, mas, se
o carro de teste não superar o
seu, tenha calma."
Vendedor pegajoso
O fato de a maioria das lojas
contar com esse serviço, em tese, também ajuda o cliente. Na
luta para crescer no Brasil, a
Renault vê no test-drive uma
das formas de se tornar mais
conhecida, e vendedores são
treinados sobre os produtos da
marca e seus concorrentes.
A meta dos funcionários será
sempre ressaltar as qualidades
do carro. Por isso, Urnhani recomenda certo distanciamento. "O test-drive deve ser feito
antes da conversa com o vendedor. Primeiro dirija o carro e tire impressões para depois saber o que ele tem."
Para Esteves, porém, o vendedor, por ser bem-informado,
é uma fonte de informação importante. "Eu me preocupava
com os vidros elétricos traseiros por causa da minha filha pequena. O vendedor colocou sua
mão lá para demonstrar o sistema antiesmagamento", lembra
o biomédico Márcio de Almeida, 35, que acabou de comprar
uma Chevrolet Meriva.
Almeida lamenta o percurso
e a duração do teste, e o piloto
da Pirelli recomenda exigir que
ele não seja breve: "O test-drive
costuma ser simplório diante
das expectativas, do preço do
carro e do tempo que se vai ficar com ele. É preciso variar as
condições de tráfego e aproximá-las do uso cotidiano".
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