São Paulo, sábado, 02 de agosto de 2008

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MARIA INÊS DOLCI [defesa do consumidor]

LAURA VAI ÀS "PECHINCHAS"


Compre só o que couber no seu salário. Arrependimento de liquidação dura mais do que a empolgação da compra

LAURA TEM UM armário repleto de coisas que comprou e que nunca usou. Aparelhos diversos que trituram, moem, medem a pressão e o nível de açúcar no sangue. Roupas que jamais usaria, porque são muito ousadas, de cores extravagantes, que não combinam com nada. Tem até um capacete de motocicleta, com todos os requisitos de segurança, embora ela não tenha moto, nem ande de carona. Vocês já devem ter percebido que Laura é uma compradora compulsiva. Na verdade, ela se torna compulsiva quando vê uma liquidação. Não importa o produto, se terá utilidade, se combina com seu tipo físico, se aperta ou se está folgado, se é da cor e do formato de que ela gosta.
Lembro-me dela porque se aproximam as liquidações de inverno, essa estação que, na maior parte do Brasil, caracteriza-se por um clima um pouco mais ameno do que no verão. Ou nem isso. Sem dúvida, os produtos ficam mais baratos ou menos caros. E é uma boa ocasião para comprar roupas que serão usadas pouco e por muitos anos, como um casaco de couro ou um sobretudo, principalmente para quem viaja para o exterior ou para regiões serranas do Sul e do Sudeste.
Por outro lado, deve-se ter muita cautela para não jogar dinheiro fora. Um casacão de lã para quem mora acima do Trópico de Capricórnio e raramente viaja é um gasto desnecessário. Agasalhos só valerão a pena se forem de boa qualidade -por exemplo, de lã pura-, de cores neutras e com padrão e corte clássicos, para não sair de moda.
Também é perda certa comprar roupas muito justas, porque a tendência da maioria é ganhar alguns (muitos) quilos ao longo da vida, salvo raras exceções. Para saber se o produto está mesmo em oferta, compare preços em sites especializados na internet. E peça desconto nos pagamentos à vista, porque, pagar liquidação com crédito rotativo de cartão ou outras formas de endividamento, não se justifica.
Avalie, antes de ir às compras, do que você necessita realmente. Por maior que seja a pechincha, não se deve comprar um artigo do qual já tenhamos um similar em nossos guarda-roupas.
Definidos os itens de que você precisa, verifique se há lugar nos armários. Sem dúvida, em um país de clima tropical, as melhores ofertas são as roupas da chamada "meia-estação", que podem ser usadas por vários meses.
Jaquetas e impermeáveis com forros presos por zíper são recomendáveis, porque, completos, protegem do frio. Sem o forro, são adequados contra a chuva e a umidade.
Cobertores e edredons devem ser leves e fáceis de lavar. Toalhas e demais artigos para cama, mesa e banho sempre são necessários, se tiverem preços realmente em conta.
Não leia somente as etiquetas de preços. É fundamental saber se os artigos são 100% de algodão, de lã ou de outros tecidos de boa qualidade. E, por último, mas não menos importante, só compre o que couber no seu salário ou rendimento. Arrependimento de liquidação dura mais do que a empolgação da compra. Laura que o diga.

http://mariainesdolci.folha.blog.uol.com.br


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