Samsung cria 'experiência' entre consumidor e produto

TETÉ MARTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A loja é de eletrônicos "de ponta", mas a única coisa à venda é o café chique da filial da rede Il Barista, que fica dentro dela. O resto do que reluz nos displays da recém-reaberta Samsung Experience é só para ser visto, mexido e testado. Da geladeira com compartimentos de temperatura individual regulável aos tocadores de MP3 com tela de cristal líquido, dos plasmas gigantes à lavadora de roupa a seco.
Mais do que as supostas atrações, como "mesas interativas" que exibem jogos e propaganda, o diferencial da loja são os computadores que não pedem senhas para se conectar à internet, nem para baixar seus e-mails em um momento de necessidade, os sofás confortáveis dispostos em frente aos plasmas de alta definição e as câmeras, impressoras e celulares ligados que ficam expostos em bancadas abertas.
Ainda que o test-drive tenha limites, como lembram os elásticos que mantêm os aparelhos presos à bancada, a idéia de promover um contato mais relaxado entre consumidor e produto é bem-vinda. Sobretudo em se tratando do que a loja vende sem vender: tecnologias novas e transitórias, que impactam não só no bolso, mas no dia-a-dia. Com tempo para pensar, talvez lembremos de levar em conta o período de readaptação cerebral que todo celular novo impõe, e de que câmeras digitais e tocadores de MP3, além de alegrias, dão uma trabalheira.
No caso da Samsung, o convite à experiência faz duplo sentido. A Apple pode acreditar em só lançar produtos com algo de realmente novo a acrescentar à profusão de novas invenções dos nossos dias; para o gigante japonês, a era da convergência tecnológica parece ser um tempo de inventar e testar híbridos. Se o resultado nem sempre convence, como no caso exemplar da geladeira com Wi-Fi, pode ser que, entre um MP3 com alto-falantes e um gravador de voz que toca música, tem "interface gráfica" e parece um batom reluzente, você encontre exatamente o que precisa.
Mas se você acha que experiência interativa mesmo é aquela tela 3-D virtual que o Tom Cruise usa para manipular imagens e dados reais no filme "Minority Report" (2002), não se anime. Eles ainda não têm isso.