São Paulo, sábado, 04 de abril de 2009

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MARIA INÊS DOLCI [defesa do consumidor]

QUEM COBRA QUALIDADE DA BANDA LARGA?


Sofremos com interrupções eventuais do serviço; e, oque me parece ainda pior, quando tentamos mudar de fornecedor, não há melhora


LAURA ME me ligou no sábado. Notei, pelo cumprimento curto e seco, que ela estava irritada. Mal respondi boa tarde e perguntei como estava, e ela já me sapecou uma pergunta à queima-roupa:
Por que as operadoras de banda larga prestam um serviço tão ruim e nada acontece a elas?
Tentei responder, mas não havia o que dizer. Assim como Laura, também eu, meus colegas, familiares e vizinhos pagamos por velocidades de acesso raramente oferecidas. Sofremos com eventuais interrupções do serviço. E, o que me parece ainda pior, tentamos mudar de fornecedor, mas o serviço não melhora.
No prédio em que mora uma colega de trabalho, uma operadora oferecia o famoso três em um: internet banda larga, TV por assinatura e telefonia. Nos cartazes afixados nos elevadores, informando sobre o dia em que um representante da operadora estaria no condomínio para negociar os tais pacotes, moradores escreveram: "Não funciona!"
E isso é verdade.
O Brasil já é um dos países com mais usuários na web. Algo que até poderíamos adivinhar, pois ainda temos uma população majoritariamente jovem, curiosa e criativa.
Hoje, dependemos do mundo digital para tudo: trabalho, lazer, serviços bancários, cultura, comunicação profissional e pessoal, telefonia gratuita, entre outros serviços.
Esbarramos, contudo, na precariedade do acesso à internet. Um serviço instável, muitas vezes lento, e o usuário não recebe explicação alguma de parte dos responsáveis.
O que poderia responder a Laura? Nada, pois também não sei por que essas empresas fazem o que querem e não são cobradas pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e pelo Ministério das Comunicações. E, mesmo quando são cobradas, os problemas também não são resolvidos.
Desconfio que o crescimento do número de usuários e de horas de acesso não seja acompanhado por investimentos em infraestrutura.
Talvez isso ocorra pelo fato de as teles também oferecerem esse serviço. Se não capricham na telefonia, por que o fariam no acesso à web?
Laura tem razão de ficar irritada quando perde o acesso, mesmo que por alguns minutos, pois pagou pelo serviço e deveria recebê-lo integralmente, com a qualidade que consta em contrato. Caso contrário, as empresas teriam de descontar o tempo que subtraíram de Laura, por falhas técnicas ou outros problemas. Mas, sabemos todos, isso não acontece.
Cabe ao consumidor reclamar, cobrar seus direitos, recorrer aos órgãos de defesa do consumidor, entrar em contato com a Anatel, reclamar com os políticos que ajudou a eleger. Fazer barulho. Pressionar as operadoras.
E aos poderes públicos, tomar providências em relação a esse descaso com o consumidor. Ou explicar por que pagamos por um acesso rápido e contínuo à internet e recebemos um serviço tão ruim. Alguém se habilita a nos responder?

http://mariainesdolci.folha.blog.uol.com.br


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