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VANGE LEONEL VAI ÀS COMPRAS [colunista em campo]
Mais uma gelada!
Cervejas de todo o mundo desfilam para colunista em tarde de degustação
VANGE LEONEL
COLUNISTA DA FOLHA
"Cerveja é uma prova de que
Deus nos ama e nos quer felizes". A frase é de Benjamin
Franklin, aquele cara que empinou uma pipa num dia de
tempestade para provar que os
relâmpagos eram pura eletricidade. Além de inventor, político e pensador, Franklin era um
declarado amante da cerveja.
Os apreciadores da bebida
encontram aqui no Brasil, cada
vez mais, uma enorme variedade de marcas. Numa visita à padaria/bar/restaurante Tortula,
esta colunista se sentiu como
criança na fantástica fábrica de
chocolate de Willy Wonka.
Num amplo compartimento
gelado, em várias prateleiras,
centenas de cervejas do mundo
inteiro estão dispostas, se oferecendo às bocas e olhares sedentos. Sim, porque o prazer
em degustar uma cerveja começa pela apreciação visual dos
rótulos. Piratas, pin-ups, Papai
Noel, abadessas, motivos tropicais, elefantes cor-de-rosa, ursinhos, tudo é tema para estampar garrafas de todos os tamanhos e formatos.
No Tortula a coisa funciona
assim: você pega uma cerveja,
leva à mesa e bebe em um copos
apropriados para aquele tipo.
Quando abre a garrafa, o garçom ou garçonete anota o número da sua comanda numa
conta que será cobrada à saída.
Você pode pedir petiscos, sanduíches ou pratos para acompanhar. Mas isso é detalhe. Eu,
particularmente, não fui ali para comer. O forte do lugar são as
cervejas diferenciadas.
O perigo, a colunista adverte,
reside naquelas prateleiras geladas abertas ao self-service.
Fica a sensação de que é só ir
ali, escolher, se sentar e provar,
uma após outra, sem maiores
conseqüências. Então aqui vai
uma dica: faça um planejamento do que você quer provar e
anote os preços num papel à
parte à medida que for bebendo. Por dois motivos. Primeiro,
porque a comanda que nos oferecem é apenas um número de
identificação. A conta, a dolorosa, fica registrada bem longe
dos nossos olhos e só nos deparamos com ela no caixa. O segundo motivo é que, pela infinidade de opções, é bom saber diferenciar as famílias e tipos de
cerveja para poder provar o novo e apreciar o conhecido.
Eu, por exemplo, sou fã de
cervejas do tipo "lager". Provei
uma tcheca Czechvar
(R$ 12,90, 330 ml), muito boa,
com aquele gostinho amargo
das minhas favoritas (e mais
em conta) Pilsner Urquell e
Stella Artois. Mas não poderia
faltar nessa degustação de cervejas uma autêntica trapista.
Experimentamos (pois eu não
estava sozinha e cerveja se bebe
em boa companhia) uma Chimay Cinq Cents Triple
(R$ 59,90, 750 ml) produzida
em um mosteiro belga. Mais
perto de Deus, os monges sabem fermentar como ninguém
essa evidência de que Ele nos
ama e nos quer felizes.
Depois provamos a artesanal
Colorado Cauim (R$ 11,90, 600
ml), de Ribeirão Preto, que leva
mandioca em sua composição.
Honesta e gostosa. É preciso,
porém, ressaltar que as cervejas poderiam ser mais fresquinhas. Algumas importadas já
estavam com a data de validade
quase vencida.
Enfim, bebemos animadamente enquanto belgas, brasileiras, escocesas, uruguaias,
alemãs, tchecas, louras, ruivas e
morenas desfilavam à nossa
frente. Levamos algumas para
casa. Mas não se engane. Nenhuma delas tinha peitos e
bundas de comercial de televisão. Nesse caso, a boa é mesmo
a cerveja.
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