São Paulo, sábado, 06 de dezembro de 2008

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TESTE DE MAQUIAGEM

Repórter prova na pele os serviços de vendedores-maquiadores e sente no bolso 'empurroterapia' cosmética

Felipe Reis


DANAE STEPHAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Para vender maquiagem, vale dar brinde, aula e até limpeza de pele. Mas essas estratégias de venda batidas não bastam.
Hoje, muitas lojas especializadas têm vendedores treinados em técnicas de maquiagem, para oferecer seus préstimos a qualquer mortal que passar pela porta. Sem compromisso.
A idéia é que, depois de ganhar um trato, a pessoa fique tentada a comprar o kit de beleza aplicado nela a custo zero.
Como uma consumidora comum, a repórter foi conferir a eficiência do sistema em quatro endereços de São Paulo: Boticário, Contém 1g, M.A.C e Drogaria Onofre. Em todos, foi feito o pedido de um kit básico, porém versátil, para alguém com pouca habilidade na arte.
Depois dessas compras "guiadas", os kits foram analisados pelo maquiador profissional Theo Carias, que avaliou: necessidade real dos itens; adequação ao tom de pele e ao gosto pessoal da compradora; combinação de cores e versatilidade. Ele também montou quatro looks com parte dos produtos sugeridos.
Todos os consultores indicaram bases e pós de boa cobertura, tarefa que não era fácil, considerando as características da pele da cobaia: oleosa, com sardas, marcas de acne e olheiras. A maioria dos kits incluiu base, pó, blush, lápis, pelo menos uma cor de sombra e batom ou gloss. As cores variaram pouco: tons terrosos para olhos, blush natural e batom cor-de-boca.
Nesse sentido, a M.A.C saiu na frente: a vendedora captou os desejos da consumidora -que não é chegada em marrom- e ousou mais nas cores.
A Onofre ganhou pontos quando sua vendedora-maquiadora sugeriu o uso da própria base como corretivo.
Na Contém 1g, nada de economia: por pouco a repórter não sai com quatro corretivos, um para cada tipo de mancha. Para quem costuma passar a base com os dedos, dentro do carro, não foi das indicações mais acertadas. Depois de alguma argumentação, a repórter "conseguiu" levar apenas dois.
Já na M.A.C, a "empurroterapia" principal é de pincéis. Como os produtos não têm nem esponja, as vendedoras insistem. Detalhe: cada pincel custa R$ 120. "Bobagem", disse o profissional Theo Carias.
No quesito brindes pós-compra, a Onofre ofereceu batom importado, aula de automaquiagem, limpeza de pele e "quick massage" -para repórter e marido! Contém 1g deu vale-aula e Boticário, um protetor solar, além de vale-aula.
Uma surpresa foi a diferença não tão grande de preço entre os kits importados e os nacionais: o da Onofre, montado só com importados, custou R$ 27 a mais que o da Contém 1g. O da canadense M.A.C custou "só" o dobro do kit da Boticário.
Mas o maior susto foi a quantidade de coisas que um "básico" comporta. Os vendedores não separaram o usável da firula. "Básico que é básico deve considerar o estilo da mulher. Não adianta empurrar estojo com cores que não agradam só por ser versátil", diz Theo.


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