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CRÍTICA DE LOJA [questão de gosto e opinião]
Mas que facada
Butique de facas tem objetos de desejo a preços afiados
TETÉ MARTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Recém-aberta, a superloja
da marca alemã Zwilling nos
Jardins põe um verdadeiro
arsenal de cutelaria ao alcance de qualquer um que tenha
até R$ 500 para pagar por
uma faca de cozinha. Criada
há quase três séculos, a fábrica se orgulha de produzir as
mais precisas, ergonômicas e
duráveis do mundo. Mas não
deixa de ser engraçado entrar
numa loja fina com paredes
cobertas por objetos perfurocortantes; e a sensação não
melhora quando a vendedora,
apresentando uma linha
"mais leve", promete: "Essa é
ideal para a mulher, dá muita
segurança para cortar".
Apesar de ser algo impensável até outro dia, já não causa
choque que uma marca "bambambã" de acessórios de cozinha instale na Oscar Freire
uma butique envidraçada onde nada, fora as pinças, custa
menos de R$ 100. Por aqui,
afinal, a mania de bancar o
chef só não faz mais vítimas
do que a de bancar o atleta.
Como toda onda, essa produz
resultados desequilibrados:
para cada talento descoberto,
surgem dez chatos que estão
na coisa por furor consumista. É nesses que se pensa, inevitavelmente, ao entrar na loja: eles adorariam as maletas
com lugares certos para cada
faca, a maior por R$ 4.500.
Não dá para saber se o fato
de a marca ter instalado ali
sua maior loja no mundo tem
a ver com a avidez com que o
modismo culinário é absorvido aqui. Talvez, considerando
o porte que o ramo de apetrechos profissionais (ou quase)
de cozinha ganha em São Paulo. Seja como for, para quem
não tem restaurante nem cozinha cromada ou está, digamos, com outras prioridades,
a Zwilling não é das mais democráticas. Uma faca certificada, eficaz e higiênica cairia
bem na vida de todo mundo; e
nem precisava ser de chef.
Mas haja disposição para encarar mesmo a mais "em conta", como a moça diz.
Também não faltam objetos de desejo entre os produtos correlatos, da marca ou de
outras compradas por ela, como panelas de ferro francesas
Staub, concorrentes da Le
Creuset com cores melhores;
ou trios de talheres para
crianças. Difícil é o custo/benefício não pesar para o lado
do primeiro. Uma exceção, as
tábuas de bambu (R$ 100) não
cegam as facas, não deixam as
bactérias se proliferarem e,
importantíssimo, são lindas.
ONDE ENCONTRAR
Zwilling
r. Oscar Freire, 578, Jardins
tel. (11) 3087-3737, São Paulo
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