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MARIA INÊS DOLCI [defesa do consumidor]
NÃO JOGUE DINHEIRO FORA
Os restaurantes acham que podem aumentar preços em até 30% em 12 meses. Não compactue com isso
QUANDO AS TAXAS de inflação
chegavam aos dois dígitos
mensais, o Brasil, além de
um "país de técnicos de futebol",
também era uma nação de economistas. Felizmente, nos últimos 14
anos, desde o Plano Real, temos convivido com taxas mais civilizadas de
aumento de preços.
Este ano, o crescimento da economia brasileira, associado a fenômenos como a demanda por alimentos
e energia de países como a China,
trouxe certa pressão inflacionária.
Nada que lembre o absurdo dos 84%
de inflação que antecederam o Plano Collor. Mas temos de ficar atentos: se os índices são pequenos, também não há reajuste automático de
salários e de investimentos.
O que nós, consumidores, podemos fazer para evitar ataques a nossos bolsos e carteiras? Bem, em primeiríssimo lugar, comparar preços
sempre. Embora a inflação acumulada em 12 meses, hoje, beire os 5%,
há muitas diferenças de preços entre produtos e serviços em uma
mesma cidade.
Não é uma boa prática comprar na
primeira loja do shopping antes de,
por exemplo, consultar alguns sites
que comparam preços. Simulamos
uma pesquisa para refrigerador com
características praticamente iguais
e os preços variavam, de acordo com
a loja, de R$ 1.499,98 a R$ 1.949. Ou
seja, cerca de 30%.
Com a diferença, R$ 449,02, é possível comprar, e receber troco, vários modelos de fornos de microondas. Uma economia nada desprezível, com o emprego de uns dois minutos de pesquisa na internet.
Há postos de combustível que cobram R$ 1,39 pelo litro de álcool. É
só rodar mais um pouco para encontrar outro que cobra R$ 1,19. Uma diferença de R$ 0,20 por litro. Para
quem gasta um tanque de 45 litros
por semana significa economizar
R$ 36 por mês e, no ano, R$ 432. Obviamente, os dois postos citados
atuam na economia formal, sem
adulteração de combustível.
Essas pequenas ou grandes economias, ao final de um mês, fazem a
diferença, especialmente para aquelas pessoas às quais sobram dias e
falta salário na hora de fechar as
contas.
Não podemos esquecer que sustentamos, a pão-de-ló, os três Poderes da República com uma carga tributária que nos toma R$ 4 de cada
R$ 10 honestamente recebidos.
Mesmo que sua renda familiar lhe
permita alguma folga, é mais racional gastar equilibradamente, e investir o que sobra para futuro lazer,
estudo ou momento de dificuldade.
Se os restaurantes acham que podem, impunemente, aumentar os
preços das refeições em até 30% em
12 meses, não compactue com isso.
Em cidades como São Paulo, sempre
há milhares de alternativas para
quem não quer engordar os lucros
de exploradores.
Mesmo em caso de produtos de
primeira necessidade, como feijão e
arroz, sempre se pode escolher cardápios alternativos, até que os preços voltem a um patamar razoável.
Ganhar dinheiro dignamente é cada vez mais difícil. Então, vamos
gastar conscientemente.
http://mariainesdolci.folha.blog.uol.com.br
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