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Crítica de loja [questão de gosto e de opinião]
O canto da sereia
Difícil resistir aos truques de sedução da carioca osklen
TETÉ MARTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A Osklen é dessas lojas
que dão um pouco de medo
de entrar. Não se sabe o que
intimida mais: se o interior
imaculado, a brigada de vendedores prontos para perguntar seu nome ou os preços inacreditáveis das peças
da vitrine. Mais do que conspurcar a decoração perfeita
ou não ser tão chique quanto
a loja, porém, o que se teme é
sucumbir a uma sedução
inevitável. O consumidor
consciente -da própria vulnerabilidade- desconfia
que é mais fácil não entrar
do que entrar e não se engraçar por algum objeto do desejo incrível e caríssimo.
O canto da sereia ipanemense não é fraco. Oskar
Metsavaht não inventou a
"loja para os cinco sentidos",
tão em voga entre os teóricos do varejo; mas como sabe fazer o truque funcionar.
Os tecidos das roupas são de
toque delicioso -linhos, camurças, malhas molinhas-,
a música é boa, o ambiente é
perfumado e imagens publicitárias exercem seu apelo
desde pontos estratégicos.
Numa delas, uma modelo
exibe as costas nuas à luz da
Baía da Guanabara, com o
Pão de Açúcar atrás. Não se
trata de criar só sensações
prazerosas, mas um Rio mítico de tão chique, e que, por
um preço nada módico, também pode ser seu.
A ambiência é uma das armas da marca, como as ferramentas de marketing que
usa para vender uma identidade contemporânea e ecológica. Mas o fatal da Osklen,
mesmo, é o estilo. Seja na
roupa "básica", seja nas peças que são declarações, como a bolsa de palhinha de
cadeira e os vestidos esculturais de quadrados de linho
sobrepostos, a grife afirma,
com originalidade rara, tendências mais duráveis do
que os cacoetes sazonais da
moda: a inspiração que vem
do esporte, a combinação de
fibras naturais e tecnológicas, a sofisticação do casual.
Infelizmente, por menos
de R$ 200, só os papéis de
parede que eles dão de graça
no site. Na Osklen, uma bermuda de moletom preto
custa mais do que isso; um
vestido curto de malha, o dobro; e um top de tecido feito
com garrafa PET, R$ 1.100.
As bolsas, caras e ótimas, são
uma opção estilosa e brasileira à decadência das marcas de luxo, na categoria
"acessórios de poder". Para
quem pode. Para o comum
dos mortais, resta esperar
pelo bazar, já que a liquidação não vai refrescar.
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