Loja de roupas de cama tem preços decentes, mas oferece lençóis e edredons com estampas e cores pouco criativas

A "cama dos sonhos" exposta na entrada da loja Altenburg, em Pinheiros

TETÉ MARTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A marca catarinense de roupa de cama e banho Altenburg abriu há pouco sua primeira loja própria em São Paulo, na Rebouças; mas como, para efeito de marketing, nada pode ser tão simples, houve por bem tentar vendê-la como uma "butique de enxoval". Ou, como descreve o texto de divulgação, um "espaço amplo, iluminado", onde o cliente pode "tocar o produto, sentir sua textura".
Podiam nos poupar do blábláblá. Primeiro, porque isso não é nada que não possa ser feito em qualquer outra loja do ramo, e olhe que elas vêm se reproduzindo com velocidade inédita. Segundo porque, sendo o lençol de boa qualidade, bonito e de preço praticável, pouco importa se você encontrá-lo num lugar "amplo" ou num cafofo da 25 de Março. Isso posto, é preciso dizer que a loja vai além de oferecer variações de utilidade duvidosa sobre o tema lençóis e afins, como as que compõem a "cama dos sonhos" da vitrine. Coisas como o "duvet", capa de edredom, e o "pillow top", manta acolchoada que vai entre o colchão e o lençol. Um tanto numerosas para uma segunda-feira de poucos negócios, as moças que atendem são simpáticas e sabem explicar, afinal, que o afamado número de fios de um lençol é o número de fios de algodão por polegada.
Mais que tudo, a Altenburg tem o bom gosto de prezar a relação custo/benefício; os preços são decentes e há ofertas toda semana. Um jogo de casal 180 fios custa R$ 124; um edredom de casal 200 fios, R$ 200. Mas, à exceção do acolchoado com pespontos em forma de nuvens, que faz a cama da entrada parecer a "dos sonhos", a falta de charme marca cores e estampas. Entre tons pastel e florais desmaiados, salvam-se os brancos, e olhe lá.
De resto, a "butique" oferece um começo promissor de mix ao incluir na receita itens aromáticos para deixar os lençóis cheirosos -um uso tão antigo quanto adorável.