São Paulo, sábado, 11 de outubro de 2008

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CRÍTICA DE LOJA [questão de gosto e opinião]

COM QUE ROUPA ELAS VÃO

Feira do Vestido de Festa, em São Paulo, é loucura organizada


Você não pode tirar nenhum vestido da arara. É um jeito de salvaguardar tecidos que desfiam e canutilhos precários da ansiedade furiosa

TETÉ MARTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A Feira do Vestido de Festa não é feira. Aliás, não é nada que você já tenha visto. Escondida nos confins do Bom Retiro, destoa do padrão do bairro no tamanho e na cara "clean" de loja de departamento.
Dentro, um exército de vendedoras de terninho guarda araras e araras de vestidos lânguidos de todas as cores, cobertos de plástico. Fora, uma coleção de banquinhos espera não por maridos conformados, mas pela clientela excedente. Nesta tarde de terça, não há uma alma de fora; mas, nos sábados e domingos, a fila engrossa.
Explica-se. A regra número um da loja (são várias, que a vendedora desfia depois de deixar claro que está com você para o que der e vier) é que ninguém entra desacompanhado.
Durante a semana, há 28 atendentes disponíveis. Nos sábados e domingos, são 80. A regra seguinte é que você pode olhar tudo, mas não pode tirar nenhum vestido da arara. Parece antipático, mas talvez seja apenas justo: um jeito de salvaguardar tecidos que desfiam e canutilhos periclitantes da furiosa ansiedade que toma mulheres e famílias ante casamentos, formaturas e afins.
Ainda mais quando a promessa é de adequação garantida por preços "em conta". Com exceções, como o traje Barbie para debutantes, a maioria dos vestidos custa cerca de R$ 300.
Por combinar de forma quase industrial meia-dúzia de elementos em voga no mundo-festa, como corte império e costas nuas, muitos parecem custar menos. Os cortes, duros, não salvam as boas cores de musselines e tafetás. As versões "modernas", em malha, são de doer.
"Mas cai tão bem que ninguém diz", jura a moça. An-han! Feita para agradar quem acha bacana se vestir igual a todo mundo, a loja tem seus achados. Um bom serviço é "a agenda": quem compra deixa registrados os dados da festa que motivou o investimento, e eles se comprometem a não vender o mesmo modelo para outra convidada. E há a divertida passarela do fundão, onde debutantes, formandas e mães de noivas desfilam o modelão pretendido para amigas e familiares. Não deixa de ser um jeito de espichar um pouco a ridícula vida útil desse tipo de vestido.


ONDE ENCONTRAR
Feira do Vestido de Festa
r. Júlio Conceição, 98, Bom Retiro, tel. (11) 3222-9393, São Paulo
www.feiradovestidodefesta.com.br



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