São Paulo, sábado, 11 de outubro de 2008

Texto Anterior | Índice

MARIA INÊS DOLCI [defesa do consumidor]

UMA BÓIA EM PLENA TEMPESTADE


Dever no cartão, no cheque ou no crediário é uma insanidade que pode custar o equilíbrio das suas finanças

ENQUANTO AS BOLSAS de Valores derretiam em praticamente todos os países, algumas pessoas, brasileiros sem dinheiro no bolso, sem parentes importantes e vindos do interior, como dizia a música de Belchior, se perguntavam: o que temos a ver com isso?
Tudo, lamento responder. Os bucaneiros das finanças perderam trilhões em conjunto, por sua irresponsabilidade, liberdade irrestrita e loucura típica destes tempos. Mas a conta não ficará apenas com governos e instituições multilaterais.
O dinheiro evaporou e não há abundância de crédito para comprar eletrodomésticos, automóveis e imóveis. O real está se desvalorizando e os preços tendem a subir muito.
A receita usada, nos últimos anos, para combater qualquer fumaça inflacionária é o hidrante dos juros elevados, que inibem o crescimento econômico, a geração de empregos e a recuperação dos salários.
Portanto, a menos que aconteçam alguns milagres combinados, daqui para frente, haverá menos crescimento, mais desemprego, menos renda, mais carestia.
O que você pode fazer, então? Bem, no caso da redução do crescimento econômico, quase nada. Em relação a reajustes, não compre produtos e serviços a preços abusivos, a menos que sejam indispensáveis.
A escassez de financiamento, inclusive do Crédito Direto ao Consumidor, impõe um controle rígido das finanças.
Dever no cartão de crédito, no cheque especial ou no crediário é uma insanidade que pode custar o equilíbrio de suas finanças. Se já tiver contraído dívidas desse tipo, corte os gastos, economize, aperte os cintos e negocie condições mais adequadas para pagar o que deve.
Postergue gastos adiáveis para a bonança que costuma suceder as tempestades. Antes que pergunte, não sei se as coisas melhorarão na semana, no mês ou no ano que vem.
Não se desespere, porque precisamos de toda a disposição para trabalhar e vencer a parcela individual de cada crise, aquela que nos cabe. Invista em programas familiares, em lazer que privilegie o convívio entre amigos, em lugar de torrar dinheiro que poderá fazer falta amanhã.
Se for um comprador impulsivo, deixe o cartão de crédito em casa, exceto para compras programadas. Caminhe mais, reduzindo os gastos com o carro, o que também fará bem para sua saúde.
Caso ainda tenha algum dinheiro para investir, seja conservador, até que o cenário fique mais claro. Em um período do ano em que se somam Dia da Criança, Natal, Ano Novo e férias, faça as contas antes de cada gasto mais expressivo.
Não se esqueça de que, após as festas, matrículas, material escolar, IPTU e IPVA estarão esperando por você, não importa o tamanho da crise. Comparar preços, programar compras, cortar gastos e poupar são as suas armas contra a crise que ganhamos de presente de especuladores do Primeiro Mundo.

http://mariainesdolci.folha.blog.uol.com.br


Texto Anterior: Dúvidas éticas: Como eu faço para descartar as embalagens de esmalte?
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.