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CRÍTICA DE LOJA
[questão de gosto e opinião]
SOB NOVA DIREÇÃO
Clube Chocolate revê "conceito" e preços acintosos
TETÉ MARTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Até para quem achava que já
tinha visto tudo em matéria de
preço absurdo, a Clube Chocolate veio como um choque. Ao
abrir suas portas, meio escondidas numa elegante fachada
cega da Oscar Freire, a loja
vendia peças de grifes da vanguarda do luxo e de seus melhores correlatos brasileiros,
misturadas com itens "engraçados", como t-shirts para bebês com caras de ídolos de
rock e frascos de Leite de Rosas. Mas nem toda tentativa de
obter um "efeito Collette",
lembrando a mãe parisiense
de todas as lojas-conceito, encobria o que parecia ser a verdadeira proposta: tornar-se o
reduto de uma consumidora
com saldo bancário (e coragem) para gastar R$ 3.800
num tricô discreto, só porque
a coisa era da marca "certa", a
aposta fashion da temporada.
Se havia um público com esse perfil em São Paulo disposto a gastar muito para ostentar
algo sutil e impalpável como
informação de moda, não foi o
suficiente para sustentar o
projeto. Em poucos meses, a
loja começou a fazer água: o
restaurante orgânico fechou;
surgiram idéias exóticas
emergenciais, como vender
papagaios certificados pelo
Ibama; e vieram notícias de
demissões e de inadimplência.
Por fim, anunciou-se uma mudança de administrador e um
processo de "reestruturação".
Para quem viu naquele tricô
acintoso a senha para nunca
mais voltar, talvez seja hora de
reconsiderar. A arquitetura de
Isay Weinfeld continua linda e
a seleção atual tem marcas
brasileiras promissoras, como
André Lima e Fábia Bercsek, e
importadas diferenciadas,
com destaque para a italiana
Marni, cujos sapatos e bolsas
de materiais exclusivos são de
cortar os pulsos. Se as últimas
continuam impraticáveis, a
marca da loja e as araras nacionais têm ótimas opções por até
R$ 500 para quem está podendo destinar uma verba ao setor
de vestuário.
Em tempo: o sex shop que fica escondido atrás de uma
porta de espelho tem lingeries
sexy de gosto acima da média
(R$ 200), bons óleos de massagem, vibradores clitorianos na
forma insuspeitada de peixinhos de brinquedo (R$ 228) e,
para as travessas mais afluentes, um traje completo de libertina do século 19 (R$ 628).
ONDE ENCONTRAR
Clube Chocolate
r. Oscar Freire, 913, tel. (11)3084-1500,
São Paulo. Seg. a sáb.: 10h às 20h
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