São Paulo, sábado, 12 de janeiro de 2008

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CRÍTICA DE LOJA
[questão de gosto e opinião]

SOB NOVA DIREÇÃO

Clube Chocolate revê "conceito" e preços acintosos

TETÉ MARTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Até para quem achava que já tinha visto tudo em matéria de preço absurdo, a Clube Chocolate veio como um choque. Ao abrir suas portas, meio escondidas numa elegante fachada cega da Oscar Freire, a loja vendia peças de grifes da vanguarda do luxo e de seus melhores correlatos brasileiros, misturadas com itens "engraçados", como t-shirts para bebês com caras de ídolos de rock e frascos de Leite de Rosas. Mas nem toda tentativa de obter um "efeito Collette", lembrando a mãe parisiense de todas as lojas-conceito, encobria o que parecia ser a verdadeira proposta: tornar-se o reduto de uma consumidora com saldo bancário (e coragem) para gastar R$ 3.800 num tricô discreto, só porque a coisa era da marca "certa", a aposta fashion da temporada.
Se havia um público com esse perfil em São Paulo disposto a gastar muito para ostentar algo sutil e impalpável como informação de moda, não foi o suficiente para sustentar o projeto. Em poucos meses, a loja começou a fazer água: o restaurante orgânico fechou; surgiram idéias exóticas emergenciais, como vender papagaios certificados pelo Ibama; e vieram notícias de demissões e de inadimplência. Por fim, anunciou-se uma mudança de administrador e um processo de "reestruturação".
Para quem viu naquele tricô acintoso a senha para nunca mais voltar, talvez seja hora de reconsiderar. A arquitetura de Isay Weinfeld continua linda e a seleção atual tem marcas brasileiras promissoras, como André Lima e Fábia Bercsek, e importadas diferenciadas, com destaque para a italiana Marni, cujos sapatos e bolsas de materiais exclusivos são de cortar os pulsos. Se as últimas continuam impraticáveis, a marca da loja e as araras nacionais têm ótimas opções por até R$ 500 para quem está podendo destinar uma verba ao setor de vestuário.
Em tempo: o sex shop que fica escondido atrás de uma porta de espelho tem lingeries sexy de gosto acima da média (R$ 200), bons óleos de massagem, vibradores clitorianos na forma insuspeitada de peixinhos de brinquedo (R$ 228) e, para as travessas mais afluentes, um traje completo de libertina do século 19 (R$ 628).

ONDE ENCONTRAR


Clube Chocolate
r. Oscar Freire, 913, tel. (11)3084-1500, São Paulo. Seg. a sáb.: 10h às 20h



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