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MARIA INÊS DOLCI [defesa do consumidor]
NOVIDADE OU ANSIEDADE?
Aposto que a maioria das pessoas raramente tira fotos com o celular; então, por que usaria um que transmite TV?
BANDA LARGA , TV no celular,
jogos tridimensionais, down-load de músicas e vídeos com
mais rapidez. Quem não fica tentado
a adquirir um plano 3G de telefonia
móvel? Um laptop fino como um caderno, bonito, com design arrojado e
múltiplas funções. Confesse, você já
pensou em ter um, apesar do preço.
Ou, quem sabe, estava se preparando para adquirir o sistema operacional Vista, quando leu, nesta Folha, que Bill Gates, co-fundador da
Microsoft, já anunciou para 2009 o
lançamento do sucessor desse programa. E a TV digital? Muitos devem ter pensado: "Agora vai!", quando o governo federal escolheu o padrão e assegurou que o conversor
custaria R$ 200 ou um pouco mais.
Pois bem, o conversor continua
caro, e recente pesquisa da Philips
constatou que o sinal digital das TVs
abertas falhou em 33% dos 103 pontos da Grande São Paulo medidos
pela empresa.
Esses exemplos nos ensinam algo.
Antes de correr às lojas, em função
de ofertas irresistíveis de novos paradigmas tecnológicos, temos de
responder a algumas perguntas. São
simples e evitarão que a ânsia por
novidade nos leve a comprar e a não
usar. Ou, pior, a comprar algo que
ainda não funcione efetivamente.
Perguntas:
1. Eu preciso mesmo desse produto
ou serviço?
2. Eu usarei essas facilidades, esses
avanços?
3. Vale pagar mais caro para ter esse novo produto?
4. O celular, micro ou televisão que
tenho deixa a desejar, ou só pretendo comprar outro porque todos falam nisso?
5. Já uso todos os recursos do equipamento que pretendo substituir?
Aposto que a maioria das pessoas
raramente fotografa com o celular,
pois as câmeras digitais se popularizam. Ou ouve música e rádio nesse aparelho. Então, por que alguém
necessitaria de um celular que
transmite programas de televisão?
No caso da TV digital, há mais
promessas do que realidade. Antes
de comprar um conversor, é bom
saber que somente televisores digitais usarão todos os recursos desse tipo de TV. Assim como de nada
adiantará comprar um laptop se
você não precisar levá-lo a reuniões ou a viagens.
Você ouve o velho tocador MP3
que tem em casa? Se não ouve, por
que comprar outro mais avançado,
com vários gigabytes de memória?
Espaço em disco, design avançado,
conexões múltiplas, multimídia,
tudo isso custa, não é de graça. Então, é importante avaliar, antes de
comprar, se serão úteis as funções
pelas quais pagaremos.
Se pensarmos bem, isso vale
também para roupas, sapatos,
acessórios de carro etc. Um sobretudo de pura lã é bonito, veste bem,
mas só será útil a um paulistano
que visite, com freqüência, cidades
serranas no inverno. Ou que viaje
para fora do Brasil.
Há formas bem mais interessantes de gastar o dinheiro que destinamos para o consumo. Inclusive,
investir em atualização tecnológica que seja adequada ao nosso caso.
Não há necessidade de correr às lojas toda vez que os fabricantes
anunciam as virtudes de um novo
produto ou serviço.
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