São Paulo, sábado, 14 de março de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Saindo do armário

COM QUE ROUPA...

Blogs de moda de rua com autorretratos de anônimos viram mania

BRUNA SANIELE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Alguns podem achar que não passa de pura egotrip. Qual o motivo de alguém tirar uma foto de si mesmo todos os dias e publicar na internet para mostrar como está vestido? Mas, um pouco de exibicionismo à parte, os adeptos desses espelhos virtuais dizem querer estimular a reflexão sobre estilo e a moda que vem das ruas.
A tendência de compartilhar em sites, blogs e comunidades da rede fotos dos looks diários ganhou o nome de "wardrobe remix" (tipo misturar o guarda-roupa de novo, em inglês).
O fotógrafo Henrique Padilha, 27, gaúcho residente em Londres, conheceu o "wardrobe remix" por meio do grupo 365 days do Flickr (serviço de armazenamento de fotos on-line). Seus integrantes se comprometem a postar a roupa de todo dia, para facilitar o julgamento alheio.
A brincadeira, quase um deleite no início, se torna uma missão, nem sempre prazerosa. "Fazer um autorretrato a cada dia foi meio penoso. De vez em quando falta inspiração. Mas agora confesso que sinto falta", diz. Se postar as fotos perde a graça, por que continuar? "Nesses grupos as pessoas podem votar nos seus looks e dizer que você esta ótimo, que a produção é incrível", afirma.
Para o consultor de estilo Baixo Ribeiro, quem coloca as produções na internet quer se manter informado sobre novas tendências e, principalmente, ser visto. "É o instinto de querer ser aceito pelo grupo e se afirmar, querer ser diferente. Você se torna o grande acontecimento", diz. Mas ele ressalva: "Não dá para levar 100% a sério o que se vê na rede. Existe uma etiqueta social da internet, é preciso duvidar, o que está lá nem sempre é verdade".
No Brasil, uma das precursoras do blog de estilo é a publicitária mineira Cristiana Guerra, criadora do Hoje Vou Assim. O blog, criado em agosto de 2007, registra as produções escolhidas por ela diariamente.
Em decorrência dos quase 4.000 acessos diários, ela se tornou uma formadora de estilo da internet. "As pessoas atualmente querem ver o real, se inspirar", diz.
Para a consultora de moda Mariana Barros, a valorização da moda de rua na rede é positiva. "Cada vez menos a indústria tem o poder de ditar o que as pessoas devem usar. É legal os anônimos mostrarem que podem fazer do seu jeito", diz.
Quem achou a coisa trabalhosa, pode torcer para ser clicado por sites que publicam looks de anônimos, como o inglês Facehunter (facehunter.blogspot.com) e o paulistano Freakstyle (www.freakstyle-freakstyle.blogspot.com).


Texto Anterior: Crítica de loja: Carteira interditada
Próximo Texto: Sites fashion já têm paródia "para as pobres"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.